Deficiência, Sociedade e Tecnologia – Diferentes olhares, diversas perspectivas

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Deficiência, Sociedade e Tecnologia – Diferentes olhares, diversas perspectivas

26 de maio de 2022 Bárbara Matoso Comments Off

A Deficiência Intelectual (DI) é caracterizada pela presença de limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo (CA), que podem ser observadas antes dos 22 anos de idade (Schalock et al., 2021). Essas limitações: (1) refletem uma incapacidade ou restrição no desempenho funcional de papéis e tarefas socialmente esperados; (2) representam uma desvantagem substancial
para o indivíduo; (3) são influenciadas por variáveis contextuais; e (4) podem ser mitigadas por meio de intervenções, apoios ou da redução de barreiras que impedem oportunidades, equidade e inclusão (Schalock et al., 2010).

A avaliação psicológica em casos envolvendo DI, frequentemente, é solicitada para verificar possíveis prejuízos nas funções cognitivas (Teixeira et al., 2018). Em especial, nota-se uma valorização da aferição da eficiência intelectual. Déficits em funcionamento intelectual historicamente tiveram maior destaque do ponto de vista avaliativo (Tasséet al., 2016). Esse fenômeno é em parte explicado pelo fato de a inteligência ser um dos construtos mais estudados pela Psicologia. Testes de inteligência já eram pesquisados e utilizados desde os anos de 1900 (Candeias et al., 2008). Uma vez que o funcionamento intelectual foi inicialmente mais bem compreendido e capaz de ser formalmente medido, ele se tornou um ponto de apoio importante no contexto da avaliação da DI (Tassé et al., 2016).


Outro fator que contribui com esse fenômeno é a forte vinculação da avaliação psicológica a uma perspectiva clínica, biomédica e psicopatológica da DI. Passadas três décadas desde a primeira vez que a Associação Americana de Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento (AAIDD) propôs um modelo multidimensional e funcional para a DI, o processo de testagem psicológica ainda é, majoritariamente, direcionado ao fechamento ou descarte de critérios diagnósticos (Luckasson et al., 1992).
Quando restrita a um mero levantamento da capacidade intelectiva, visando ao diagnóstico, a avaliação psicológica se torna uma ferramenta de pouca valia para uma compreensão aprofundada da pessoa avaliada. Para além da aferição de prejuízos em funções cognitivas, o conhecimento sobre os componentes e pressupostos teóricos presentes no Modelo Multidimensional do Funcionamento Humano da AAIDD permite ao psicólogo ampliar o leque de informações sobre a pessoa avaliada e, assim, dispor de mais elementos para não somente fundamentar o diagnóstico, mas também planejar intervenções e orientar decisões (Schalock et al., 2021).


Diante disso, esta revisão narrativa objetiva apresentar e discutir as possíveis aplicações desse modelo na avaliação psicológica de casos envolvendo DI. Para tanto, serão delineadas as diferenças entre as perspectivas clínica e funcional, que são dois paradigmas importantes para a compreensão da DI. Em seguida, o Modelo Multidimensional do Funcionamento Humano da AAIDD será conceituado, juntamente com seus componentes. Ressalta-se que será dada ênfase à aplica à aplicação dessas informações à prática da avaliação psicológica.

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