A história da Educação Especial no Brasil é marcada pela presença de inúmeras instituições especializadas. Dentre elas, a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais (SPMG), criada em 1932. A instituição se propunha a acolher, tratar e educar crianças que desviavam da norma social estabelecida no período e divulgava suas ações por meio de diversas publicações. Essa pesquisa teve como objetivo, analisar como as políticas públicas para educação do excepcional foram divulgadas pela revista Infância Excepcional: Estudo, Educação e Assistência ao Excepcional, publicada entre os anos de 1933 e 1979. O intervalo de sua publicação abarca um momento de grandes transformações no que tange à educação dos excepcionais, passando de um período de atendimentos pontuais e isolados por parte de instituições privadas e governos locais à construção de políticas nacionais mais abrangentes. A pesquisa qualitativa e historiográfica priorizou a análise dos números que compuseram a coleção do periódico. Para Carr (1978), o historiador não pode narrar um fato histórico tal qual se passou, mas, a partir da seleção de diversas fontes, pode selecionar eventos que, segundo sua ótica, merecem ser historiados. Os eventos selecionados para fins dessa pesquisa permitiram elencar categorias relevantes para a compreensão dos temas que circulavam no periódico. Para analisar as propostas que se relacionavam com as políticas públicas, foi utilizada a definição do contexto de influência, proposto por Ball e Bowe, exposto por Mainardes (2006). Política pública foi definida como ação pública, que considera a atuação de diversos atores da sociedade civil na busca para conquistar direitos sociais. O contexto da influência foi analisado a partir de três categorias: público alvo; família; financiamento. Quanto ao público alvo, foi identificado que as publicações apresentaram modificações na sua conceituação e tentaram reduzir os estigmas desse público com a mudança de sua nomenclatura. A partir da pesquisa realizada, foi identificada também uma mudança de postura da coleção na forma como difundiam o papel da família do excepcional em seu processo educativo. Em um primeiro momento a revista retrata a família como um meio nefasto à educação desses jovens e que a melhor forma de educá-los seria por meio do distanciamento desse ambiente. A partir da década de 1960, no entanto, a família passa a ser descrita como um meio fundamental de luta e protagonismo para conquista de direitos educacionais, inclusive com o incentivo da criação de Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em diversas localidades. Quanto à categoria financiamento, as alterações políticas relacionadas a esse campo impactaram significativamente a produção do periódico. Na década de 1930 os trabalhos da SPMG eram incipientes e dependiam de doações para serem mantidos. Dessa forma, as revistas funcionavam como um meio de propaganda das ações da instituição e de sensibilização da sociedade civil para angariar fundos. A partir da década de 1950, a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais (CADEME) é criada e o financiamento do trabalho de instituições como a SPMG passa a ser oficializado pelo Estado. Assim, a autoimagem da instituição deixa de ser um tema recorrente nos periódicos e os temas relativos às políticas públicas ganham força.
Palavras-chaves: Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais. Políticas Públicas. Revista Infância Excepcional. Educação Especial.
A revista infância excepcional (1933 – 1979): Uma contribuição para a história da Educação Especial
A história da Educação Especial no Brasil é marcada pela presença de inúmeras instituições
especializadas. Dentre elas, a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais (SPMG), criada em 1932.
A instituição se propunha a acolher, tratar e educar crianças que desviavam da norma social
estabelecida no período e divulgava suas ações por meio de diversas publicações. Essa
pesquisa teve como objetivo, analisar como as políticas públicas para educação do
excepcional foram divulgadas pela revista Infância Excepcional: Estudo, Educação e
Assistência ao Excepcional, publicada entre os anos de 1933 e 1979. O intervalo de sua
publicação abarca um momento de grandes transformações no que tange à educação dos
excepcionais, passando de um período de atendimentos pontuais e isolados por parte de
instituições privadas e governos locais à construção de políticas nacionais mais abrangentes.
A pesquisa qualitativa e historiográfica priorizou a análise dos números que compuseram a
coleção do periódico. Para Carr (1978), o historiador não pode narrar um fato histórico tal
qual se passou, mas, a partir da seleção de diversas fontes, pode selecionar eventos que,
segundo sua ótica, merecem ser historiados. Os eventos selecionados para fins dessa pesquisa
permitiram elencar categorias relevantes para a compreensão dos temas que circulavam no
periódico. Para analisar as propostas que se relacionavam com as políticas públicas, foi
utilizada a definição do contexto de influência, proposto por Ball e Bowe, exposto por
Mainardes (2006). Política pública foi definida como ação pública, que considera a atuação de
diversos atores da sociedade civil na busca para conquistar direitos sociais. O contexto da
influência foi analisado a partir de três categorias: público alvo; família; financiamento.
Quanto ao público alvo, foi identificado que as publicações apresentaram modificações na sua
conceituação e tentaram reduzir os estigmas desse público com a mudança de sua
nomenclatura. A partir da pesquisa realizada, foi identificada também uma mudança de
postura da coleção na forma como difundiam o papel da família do excepcional em seu
processo educativo. Em um primeiro momento a revista retrata a família como um meio
nefasto à educação desses jovens e que a melhor forma de educá-los seria por meio do
distanciamento desse ambiente. A partir da década de 1960, no entanto, a família passa a ser
descrita como um meio fundamental de luta e protagonismo para conquista de direitos
educacionais, inclusive com o incentivo da criação de Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE) em diversas localidades. Quanto à categoria financiamento, as
alterações políticas relacionadas a esse campo impactaram significativamente a produção do
periódico. Na década de 1930 os trabalhos da SPMG eram incipientes e dependiam de
doações para serem mantidos. Dessa forma, as revistas funcionavam como um meio de
propaganda das ações da instituição e de sensibilização da sociedade civil para angariar
fundos. A partir da década de 1950, a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de
Deficientes Mentais (CADEME) é criada e o financiamento do trabalho de instituições como
a SPMG passa a ser oficializado pelo Estado. Assim, a autoimagem da instituição deixa de ser
um tema recorrente nos periódicos e os temas relativos às políticas públicas ganham força.
Palavras-chaves: Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais. Políticas Públicas. Revista Infância
Excepcional. Educação Especial.
Dissertação completa disponível no link.