Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969

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Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969

17 de outubro de 1969 Bárbara Matoso Comments Off

Edita o novo texto da Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967.

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 1, DE 17 DE OUTUBRO DE 1969 

Edita o novo texto da Constituição Federal de  

24 de janeiro de 1967. 

OS MINISTROS DA MARINHA DE GUERRA, DO EXÉRCITO E DA  AERONÁUTICA MILITAR, usando das atribuições que lhes confere o artigo 3º do Ato  Institucional nº 16, de 14 de outubro de 1969, combinado com o § 1º do artigo 2º do Ato  Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, e 

 CONSIDERANDO que, nos têrmos do Ato Complementar nº 38, de 13 de dezembro  de 1968, foi decretado, a partir dessa data, o recesso do Congresso Nacional; 

 CONSIDERANDO que, decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo Federal  fica autorizado a legislar sôbre tôdas as matérias, conforme o disposto no § 1º do artigo  2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968; 

 CONSIDERANDO que a elaboração de emendas à Constituição, compreendida no  processo legislativo (artigo 49, I), está na atribuição do Poder Executivo Federal; 

 CONSIDERANDO que a Constituição de 24 de janeiro de 1967, na sua maior parte,  deve ser mantida, pelo que, salvo emendas de redação, continuam inalterados os  seguintes dispositivos: artigo 1º e seus §§ 1º, 2º e 3º; artigo 2º, artigo 3º, artigo 4º e itens  II, IV e V; artigo 5º; artigo 6º e seu parágrafo único; artigo 7º e seu parágrafo único;  artigo 8º, seus itens I, II, III, V, VI, VII e suas alíneas a, c, e d , VIII, IX, X, XI, XII, XV  e suas alíneas a, b, c e d , XVI, XVII e suas alíneas a, d, e, f, g, h, j, l, m, n, o, p, q, r, t,  u e v e § 2º; artigo 9º e seus itens I e III; artigo 10 e seus itens I, II, IV, V e alíneas a,  b e c , VI, VII e suas alíneas a, b, d, e, f e g ; artigo 11, seu § 1º e suas alíneas a, b e c , e  seu § 2º; artigo 12 e seus itens I e II, e seus §§ 1º, 2º e 3º; artigo 13 e seus itens I, II, III e  IV, e seus §§ 2º, 3º e 5º; artigo 14; artigo 15; artigo 16, seu item II e suas alíneas a e b ,  e seus §§ 1º e suas alíneas a e b , 3º e suas alíneas a e b, e 5º; artigo 17 e seus §§ 1º e 3º;  artigo 19 e seus itens I e II, e seus §§ 1º, 2º, 4º, 5º e 6º; artigo 20 e seus itens I e III e  seus alíneas a, b, c e d; artigo 21 e seus itens I, II e III; artigo 22 e seus itens III, VI e  VII, e seus §§ 1º e 4º; artigo 23; artigo 24 e seu § 7º; artigo 25 e seus itens I e II, e seus  §§ 1º, alínea a , e 2º; § 3º do artigo 26; artigo 28 e seus itens I, II e III, e seu parágrafo  único e alíneas a e b ; artigo 29; artigo 30; § 3º do artigo 31; artigo 33; § 5º do artigo 34;  artigo 36 e seus itens I, alíneas a e b , e II, alíneas a, b, c e d ; artigo 37 e seu item I; § 2º  do artigo 38; artigo 39; §§ 1º e 2º do artigo 40; § 1º do artigo 41; artigo 42 e seus itens I  e II; §§ 1º e 2º do artigo 43; artigo 44, seus itens I e II, e seu parágrafo único; itens III,  IV e V do artigo 45; artigo 46 e seus itens I, II, V, VII e VIII; artigo 47 e seus itens I, II,  III, IV, V, VI e VIII; artigo 48; artigo 49 e seus itens I a VII; artigo 50 e seus itens I e II,  e seus §§ 1º e 2º; artigo 52; artigo 53; artigo 54 e seus §§ 2º, 3º e 5º; artigo 55 e seu  parágrafo único e item I; artigo 56; artigo 57 e seu parágrafo único; artigo 58 e seu item  I, e seu parágrafo único; artigo 59 e seu parágrafo único; artigo 60 e seus itens I, II e III,  e seu parágrafo único e alíneas a e b ; artigo 61 e seus §§ 1º e 2º; §§ 4º e 5º do artigo 62;  artigo 63 e seu item I e seu parágrafo único; artigo 64 e alíneas b e c de seu § 1º, e seu §  2º; §§ 1º e 5º artigo 65; artigo 67 e seu § 1º; § 4º do artigo 68; artigo 69 e seu § 2º e  alíneas a, b e c ; artigo 71 e seus parágrafos; artigo 72 e seus itens I, II e III; artigo 73 e

seus §§ 1º, 2º, 3º e 4º, alíneas a, b, e c do § 5º, e §§ 6º, 7º e 8º; artigo 74; § 3º do artigo  76; artigo 77 e seus §§ 1º e 2º; artigo 78 e seus §§ 1º e 2º; artigo 79 caput ; artigo 80;  artigo 81; artigo 82; artigo 83 e seus itens I, II, III, IV, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII,  XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII e XIX; artigo 84 seus itens I a VII, e seu parágrafo  único; artigo 85 e seus parágrafos; artigo 87 e seus itens I, II e III; artigo 89; artigo 90 e  seu § 2º; artigo 91 e alíneas a, b e c do item II e III, e parágrafo único; artigo 92 e seus  §§ 1º e 2º; artigo 93 e seu parágrafo único; artigo 94 e seus §§ 1º e 3º; artigo 95 e seu §  2º ; artigo 96; artigo 97 e seus itens I a IV, e seus §§ 1º a 3º; artigo 99, caput ; artigo 100  e seus itens I, II e III e seu § 1º; artigo 101 e seus itens I, alíneas a e b , II, e seus §§ 1º,  2º e 3º; § 2º do artigo 102; artigo 103 e seus itens I e II, e seu parágrafo único; artigo  105 e seu parágrafo único; artigo 107 e seus itens I a V; artigo 108 e seus itens I e II e  seus §§ 1º e 2º; artigo 109 e seus itens I, II e III; artigo 110 e seus itens I, II e III; artigo  111; artigo 112 e seus §§ 1º e 2º; artigo 114 e seu item I, alíneas f, g, j, l, m e n , item II,  alínea c , alíneas a, b e c do item III; artigo 115 e seu parágrafo único e alíneas a, b,  c e d ; artigo 116 e seu § 2º; artigo117 e seu item I, alíneas a e c , item II e parágrafo  único; artigo 119 e seus itens III, IV, V, VI, VII, IX e X, e seus §§ 1º e 2º; artigo 120;  artigo 121, alíneas a e b de seu § 1º, e seu § 2º; artigo 122 e seus §§ 1º, 2º e 3º; artigo  123 e seus itens I a IV, e seu parágrafo único; item II do artigo 124 e alínea b do seu  item I; artigo 125; artigo 126 e seus itens I, alíneas a e b , II, III, e seus §§ 1º e 2º; artigo  127; artigo 129; artigo 130 e seus itens I a VIII; artigo 131 e seus itens I a IV; artigo 133  e seus itens, seu § 1º, alíneas a e b , e seus §§ 2º a 5º; artigo 134 e seu § 1º; artigo 135;  artigo 136 e seus itens I, II, alínea b , III, IV, seu § 1º e alíneas a, b e c , e seus §§ 2º e  6º; artigo 137; § 1º do artigo 138; artigo 139; artigo 140 e seus itens I, alíneas a, b e c , e  II, alíneas a e b e números 1, 2 e 3; artigo 141 e seus itens I, II e III; artigo 142 e seus §§  1º, 2º e 3º, alíneas a, b e c, alíneas b e c do item II do artigo 144; artigo 145 e seu  parágrafo único e alíneas a, b e c ; artigo 149 e seus itens I, II, III, IV, V, VI e VIII;  artigo 150 e seus §§ 1º a 7º, 9º e 10, 12 a 17, 19 e 20, 23 a 27, 30 a 32, 34 e 35; artigo  152 e seus itens I e II, e seus §§ 1º, 2º, alíneas a a f e 3º; artigo 153 e seu § 1º; artigo  154; artigo 155; artigo 156; itens I, II, III, IV e VI do artigo 157 e seus §§ 2º, 3º, 4º, 5º,  7º, 8º, 9º e 10; artigo 158 e seus itens I a XV e XVIII a XXI, e seu § 1º; artigo 159 e  seus §§ 1º e 2º; artigo 160 e seus itens I, II e III; artigo 161 e seus §§ I a IV; artigo 162;  artigo 163 e seus §§ 1º e 3º; artigo 164 e seu parágrafo único; artigo 165 e seu parágrafo  único; artigo 166 e seus itens I, II e III, e seus §§ 1º e 2º; artigo 167 e seus §§ 1º, 2º e 3º;  §§ 1º, 2º e 3º, seus itens I a V, do artigo 168; artigo 169 e seus §§ 1º e 2º; parágrafo  único do artigo 170; artigo 171 e seu parágrafo único; e artigo 172 e seu parágrafo  único; 

 CONSIDERANDO as emendas modificativas e supressivas que, por esta forma, são  ora adotadas quanto aos demais dispositivos da Constituição, bem como as emendas  aditivas que nela são introduzidas; 

 CONSIDERANDO que, feitas as modificações mencionadas, tôdas em caráter de  Emenda, a Constituição poderá ser editada de acôrdo com o texto que adiante se  publica, 

 PROMULGAM a seguinte Emenda à Constituição de 24 de janeiro de 1967:  

 Art. 1º. A Constituição de 24 de janeiro de 1967 passa a vigorar com a seguinte  redação:

“O Congresso Nacional, invocando a proteção de Deus, decreta e promulga a  seguinte 

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 

TÍTULO I 

DA ORGANIZAÇÃO NACIONAL 

CAPÍTULO I 

Disposições Preliminares 

Art. 1º. O Brasil é uma República Federativa, constituída, sob o regime  representativo, pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos  Territórios. 

§ 1º Todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido. 

§ 2º São símbolos nacionais a bandeira e o hino vigorantes na data da  promulgação desta Constituição e outros estabelecidos em lei. 

§ 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos  próprios. 

Art. 2º. O Distrito Federal é a Capital da União. 

Art. 3º. A criação de Estados e Territórios dependerá de lei complementar. Art. 4º. Incluem-se entre os bens da União: 

I – a porção de terras devolutas indispensável à segurança e ao desenvolvimento  nacionais; 

II – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que  banhem mais de um Estado, constituam limite com outros países ou se estendam  a território estrangeiro; as ilhas oceânicas, assim como as ilhas fluviais e  lacustres nas zonas limítrofes com outros países; 

III – a plataforma continental; 

IV – as terras ocupadas pelos silvícolas; 

V – os que atualmente lhe pertencem; e 

VI – o mar territorial. 

Art. 5º. Incluem-se entre os bens dos Estados os lagos em terrenos de seu  domínio, bem como os rios que nêles têm nascente e foz, as ilhas fluviais e  lacustres e as terras devolutas não compreendidas no artigo anterior. 

Art. 6º. São Podêres da União, independentes e harmônicos, o Legislativo, o  Executivo e o Judiciário. 

Parágrafo único. Salvo as exceções previstas nesta Constituição, é vedado a  qualquer dos Podêres delegar atribuições; quem fôr investido na função de um  dêles não poderá exercer a de outro.

Art. 7º. Os conflitos internacionais deverão ser resolvidos por negociações  diretas, arbitragem e outros meios pacíficos, com a cooperação dos organismos  internacionais de que o Brasil participe. 

Parágrafo único. É vedada a guerra de conquista. 

CAPÍTULO II 

DA UNIÃO 

Art. 8º. Compete à União: 

I – manter relações com Estados estrangeiros e com êles celebrar tratados e  convenções; participar de organizações internacionais; 

II – declarar guerra e fazer a paz; 

III – decretar o estado de sítio; 

IV – organizar as fôrças armadas; 

V – planejar e promover o desenvolvimento e a segurança nacionais; VI – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que fôrças estrangeiras  transitem pelo território nacional ou nêle permaneçam temporàriamente; VII – autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; VIII – organizar e manter a polícia federal com a finalidade de: 

a) executar os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteiras; b) prevenir e reprimir o tráfico de entorpecentes e drogas afins; apurar infrações penais contra a segurança nacional, a ordem  política e social ou em detrimento de bens, serviços e interêsses da  

c) 

União, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão  interestadual e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em  lei; e 

d) prover a censura de diversões públicas; 

IX – emitir moeda; 

X – fiscalizar as operações de crédito, capitalização e seguros; XI – estabelecer o plano nacional de viação; 

XII – manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional; 

XIII – organizar a defesa permanente contra as calamidades públicas,  especialmente a sêca e as inundações; 

XIV – estabelecer e executar planos nacionais de educação e de saúde, bem  como planos regionais de desenvolvimento; 

XV – explorar, diretamente ou mediante autorização ou concessão: a) os serviços de telecomunicações; 

b) os serviços e instalações de energia elétrica de qualquer origem ou  natureza; 

c) a navegação áerea; e 

d) as vias de transporte entre portos marítimos e fronteiras nacionais  ou que transponham os limites de Estado ou Território; 

XVI – conceder anistia; e 

XVII – legislar sôbre:

a) cumprimento da Constituição e execução dos serviços federais; b) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,  marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 

normas gerais sôbre orçamento, despesa e gestão patrimonial e  

financeira de natureza pública; de direito financeiro; de seguro e  c) 

previdência social; de defesa e proteção da saúde; de regime  penitenciário; 

d) produção e consumo; 

e) registros públicos e juntas comerciais; 

f) desapropriação; 

g) requisições civis e militares em tempo de guerra; 

h) jazidas, minas e outros recursos minerais; metalurgia; florestas,  caça e pesca; 

i) águas, telecomunicações, serviço postal e energia (elétrica, térmica,  nuclear ou qualquer outra); 

j) sistema monetário e de medidas; título e garantia dos metais; l) política de crédito, câmbio, comércio exterior e interestadual;  transferência de valôres para fora do País; 

m) regime dos portos e da navegação de cabotagem, fluvial e lacustre; n) tráfego e trânsito nas vias terrestres; 

o) nacionalidade, cidadania e naturalização; incorporação dos  silvícolas à comunhão nacional; 

p) emigração e imigração; entrada, extradição e expulsão de  estrangeiros; 

q) diretrizes e bases da educação nacional; normas gerais sôbre  desportos; 

r) condições de capacidade para o exercício das profissões liberais e  técnico-científicas; 

s) símbolos nacionais; 

t) organização administrativa e judiciária do Distrito Federal e dos  Territórios; 

u) sistema estatístico e sistema cartográfico nacionais; e organização, efetivos, instrução, justiça e garantias das polícias  

v) 

militares e condições gerais de sua convocação, inclusive  mobilização. 

Parágrafo único. A competência da União não exclui a dos Estados para legislar  supletivamente sôbre as matérias das alíneas c, d, e, n, q, e v do item XVII,  respeitada a lei federal. 

Art. 9º. A União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado: 

I – criar distinções entre brasileiros ou preferências em favor de uma dessas  pessoas de direito público interno contra outra; 

II – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o  exercício ou manter com êles ou seus representantes relações de dependência ou  aliança, ressalvada a colaboração de interêsse público, na forma e nos limites da  lei federal, notadamente no setor educacional, no assistencial e no hospitalar; e III – recusar fé aos documentos públicos.

Art. 10. A União não intervirá nos Estados, salvo para: 

I – manter a integridade nacional; 

II – repelir invasão estrangeira ou a de um Estado em outro; 

III – pôr têrmo a perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção ou a  corrupção no poder público estadual; 

IV – assegurar o livre exercício de qualquer dos Podêres estaduais; V – reorganizar as finanças do Estado que: 

a) suspender o pagamento de sua dívida fundada, durante dois anos  consecutivos, salvo por motivo de fôrça maior; 

b) deixar de entregar aos municípios as quotas tributárias a êles  destinadas; e 

c) adotar medidas ou executar planos econômicos ou financeiros que  contrariem as diretrizes estabelecidas em lei federal; 

VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judiciária; e VII – exigir a observância dos seguintes princípios: 

a) forma republicana representativa; 

b) temporariedade dos mandatos eletivos cuja duração não excederá a  dos mandatos federais correspondentes; 

c) independência e harmonia dos Podêres; 

d) garantias do Poder Judiciário; 

e) autonomia municipal; 

f) prestação de contas da administração; e 

proibição ao deputado estadual da prática de ato ou do exercício de  

g) 

cargo, função ou emprêgo mencionados nos itens I e II do artigo  34, salvo a função de secretário de Estado. 

Art. 11. Compete ao Presidente da República decretar a intervenção. § 1º A decretação da intervenção dependerá: 

no caso do item IV do artigo 10, de solicitação do Poder  

Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de  a) 

requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação fôr exercida  contra o Poder Judiciário; 

no caso do item VI do artigo 10, de requisição do Supremo  b) 

Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral, segundo a  matéria, ressalvado o disposto na alínea c dêste parágrafo; do provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação  do Procurador-Geral da República, no caso do item VI, assim como  c) 

nos do item VII, ambos do artigo 10, quando se tratar de execução  de lei federal. 

§ 2º Nos casos dos itens VI e VII do artigo 10, o decreto do Presidente da  República, limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa  medida tiver eficácia. 

Art. 12. O decreto de intervenção, que será submetido à apreciação do  Congresso Nacional, dentro de cinco dias, especificará a sua amplitude, prazo e 

condições de execução e, se couber, nomeará o interventor. 

§ 1º Se não estiver funcionando, o Congresso Nacional será convocado, dentro  do mesmo prazo de cinco dias, para apreciar o ato do Presidente da República. 

§ 2º Nos casos do § 2º do artigo anterior, ficará dispensada a apreciação do  decreto do Presidente da República pelo Congresso Nacional, se a suspensão do  ato houver produzido os seus efeitos. 

§ 3º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos  a êles voltarão, salvo impedimento legal. 

CAPÍTULO III 

DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS 

Art. 13. Os Estados organizar-se-ão e reger-se-ão pelas Constituições e leis que  adotarem, respeitados dentre outros princípios estabelecidos nessa Constituição,  os seguintes: 

I – os mencionados no item VII do artigo 10; 

II – a forma de investidura nos cargos eletivos; 

III – o processo legislativo; 

IV – a elaboração do orçamento, bem como a fiscalização orçamentária e a  financeira, inclusive a da aplicação dos recursos recebidos da União e atribuídos  aos municípios; 

V – as normas relativas aos funcionários públicos, inclusive a aplicação, aos  servidores estaduais e municipais, dos limites máximos de remuneração  estabelecidos em lei federal; 

VI – a proibição de pagar, a qualquer título, a deputados estaduais mais de dois  terços dos subsídios e da ajuda de custo atribuídos em lei aos deputados federais,  bem como de remunerar mais de oito sessões extraordinárias mensais; VII – a emissão de títulos da dívida pública de acôrdo com o estabelecido nesta  Constituição; 

VIII – a aplicação aos deputados estaduais do disposto no artigo 35 e seus  parágrafos, no que couber; e 

IX – a aplicação, no que couber, do disposto nos itens I a III do artigo 114 aos  membros dos Tribunais de Contas, não podendo o seu número ser superior a  sete. 

§ 1º Aos Estados são conferidos todos os podêres que, explícita ou  implìcitamente, não lhes sejam vedados por esta Constituição. 

§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado far-se-á por  sufrágio universal e voto direto e secreto. 

§ 3º A União, os Estados e Municípios poderão celebrar convênios para  execução de suas leis, serviços ou decisões, por intermédio de funcionários  federais, estaduais ou municipais.

§ 4º As polícias militares, instituídas para a manutenção da ordem pública nos  Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, e os corpos de bombeiros  militares são considerados fôrças auxiliares, reserva do Exército, não podendo  seus postos ou graduações ter remuneração superior à fixada para os postos e  graduações correspondentes no Exército. 

§ 5º Não será concedido, pela União, auxílio a Estado ou Município, sem a  prévia entrega, ao órgão federal competente, do plano de sua publicação. As  contas do Governador e as do Prefeito serão prestadas nos prazos e na forma da  lei e precedidas de publicação no jornal oficial do Estado. 

§ 6º O número de deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da  representação do Estado na Câmara Federal e, atingido o número de trinta e seis,  será acrescido de tantos quantos forem os deputados federais acima de doze. 

Art. 14. Lei complementar estabelecerá os requisitos mínimos de população e  renda pública, bem como a forma de consulta prévia às populações, para a  criação de municípios. 

Parágrafo único. A organização municipal, variável segundo as peculiaridades  locais, a criação de municípios e a respectiva divisão em distritos dependerão de  lei. 

Art. 15. A autonomia municipal será assegurada: 

I – pela eleição direta de Prefeito, Vice-Prefeito e vereadores realizada  simultâneamente em todo o País, em data diferente das eleições gerais para  senadores, deputados federais e deputados estaduais; 

II – pela administração própria, no que respeite ao seu peculiar interêsse,  especialmente quanto: 

à decretação e arrecadação dos tributos de sua competência e à  

a) 

aplicação de suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de  prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; e 

b) à organização dos serviços públicos locais. 

§ 1º Serão nomeados pelo Governador, com prévia aprovação: da Assembléia Legislativa, os Prefeitos das Capitais dos Estados e  

a) 

dos Municípios considerados estâncias hidrominerais em lei  estadual; e 

do Presidente da República, os Prefeitos dos Municípios declarados  b) 

de interêsse da segurança nacional por lei de iniciativa do Poder  Executivo. 

§ 2º Sòmente farão jus a remuneração os vereadores das capitais e dos  municípios de população superior a duzentos mil habitantes, dentro dos limites e  critérios fixados em lei complementar. 

§ 3º A intervenção nos municípios será regulada na Constituição do Estado,  sòmente podendo ocorrer quando:

a) se verificar impontualidade no pagamento de empréstimo garantido  pelo Estado; 

b) deixar de ser paga, por dois anos consecutivos, dívida fundada; c) não forem prestados contas devidas, na forma da lei; o Tribunal de Justiça do Estado der provimento a representação  formulada pelo Chefe do Ministério Público local para assegurar a  observância dos princípios indicados não Constituição estadual,  

d) 

bem como para prover à execução de lei ou de ordem ou decisão  judiciária, limitando-se o decreto do Governador a suspender o ato  impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da  normalidade; 

e) forem praticados, na administração municipal, atos subversivos ou  de corrupção; e 

f) não tiver havido aplicado, no ensino primário, em cada ano, de  vinte por cento, pelo menos, da receita tributária municipal. 

§ 4º O número de vereadores será, no máximo, de vinte e um, guardando-se  proporcionalidade com o eleitorado do município. 

Art. 16. A fiscalização financeira e orçamentária dos municípios será exercida  mediante contrôle externo da Câmara Municipal e contrôle interno do Executivo  Municipal, instituídos por lei. 

§ 1º O contrôle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio do  Tribunal de Contas do Estado ou órgão estadual a que fôr atribuída essa  incumbência. 

§ 2º Sòmente por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal  deixará de prevalecer o parecer prévio, emitido pelo Tribunal de Contas ou  órgão estadual mencionado no § 1º, sôbre as contas que o Prefeito deve prestar  anualmente. 

§ 3º Sòmente poderão instituir Tribunais de Contas os municípios com  população superior a dois milhões de habitantes e renda tributária acima de  quinhentos milhões de cruzeiros novos. 

CAPÍTULO IV 

DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 

Art. 17. A lei disporá sôbre a organização administrativa e judiciária do Distrito  Federal e dos Territórios. 

§ 1º Caberá ao Senado Federal discutir e votar projetos de lei sôbre matéria  tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração do  Distrito Federal. 

§ 2º O Governador do Distrito Federal e os Governadores dos Territórios serão  nomeados pelo Presidente da República.

§ 3º Caberá ao Governador do Território a nomeação dos Prefeitos Municipais. 

CAPÍTULO V 

DO SISTEMA TRIBUTÁRIO 

Art. 18. Além dos impostos previstos nesta Constituição, compete à União, aos  Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir: 

I – taxas, arrecadadas em razão do exercício do poder de polícia ou pela  utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis,  prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição; e 

II – contribuição de melhoria, arrecadada dos proprietários de imóveis  valorizados por obras públicas, que terá como limite total a despesa realizada e  como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada  imóvel beneficiado. 

§ 1º Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário, disporá  sôbre os conflitos de competência nesta matéria entre a União, os Estados, o  Distrito Federal e os Municípios, e regulará as limitações constitucionais do  poder de tributar. 

§ 2º Para cobrança de taxas não se poderá tomar como base de cálculo a que  tenha servido para a incidência dos impostos. 

§ 3º Sòmente a União, nos casos excepcionais definidos em lei complementar,  poderá instituir empréstimo compulsório. 

§ 4º Ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em municípios competem,  cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios; e à  União, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se o  Território não fôr dividido em municípios, os impostos municipais. 

§ 5º A União poderá, desde que não tenham base de cálculo e fato gerador  idênticos aos dos previstos nesta Constituição instituir outros impostos, além dos  mencionados nos artigos 21 e 22 e que não sejam da competência tributária  privativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, assim como  transferir-lhes o exercício da competência residual em relação a impostos, cuja  incidência seja definida em lei federal. 

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 

I – instituir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça, ressalvados os casos  previstos nesta Constituição; 

II – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por meio de  tributos interestaduais ou intermunicipais; e 

III – instituir impôsto sôbre: 

a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; 

b) os templos de qualquer culto;

o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos e de  c) 

instituições de educação ou de assistência social, observados os  requisitos da lei; e 

d) o livro, o jornal e os periódicos, assim como o papel destinado à  sua impressão. 

§ 1º O disposto na alínea a do item III é extensivo às autarquias, no que se refere  ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais  ou delas decorrentes; mas não se estende aos serviços públicos concedidos, nem  exonera o promitente comprador da obrigação de pagar impôsto que incidir  sôbre imóvel objeto de promessa de compra e venda. 

§ 2º A União, mediante lei complementar e atendendo a relevante interêsse  social ou econômico nacional, poderá conceder isenções de impostos estaduais e  municipais. 

Art. 20. É vedado: 

I – à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional o  implique distinção ou preferência em relação a qualquer Estado ou Município  em prejuízo de outro; 

II – à União tributar a renda das obrigações da dívida pública estadual ou  municipal e os proventos dos agentes dos Estados e municípios, em níveis  superiores aos que fixar para as suas próprias obrigações e para os proventos dos  seus próprios agentes; e 

III – aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença  tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou  destino. 

Art. 21. Compete à União instituir impôsto sôbre: 

I – importação de produtos estrangeiros, facultado ao Poder Executivo, nas  condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar-lhe as alíquotas ou as bases  de cálculo; 

II – exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados,  observado o disposto no final do item anterior; 

III – propriedade territorial rural; 

IV – renda e proventos de qualquer natureza, salvo ajuda de custo e diárias pagas  pelos cofres públicos na forma da lei; 

V – produtos industrializados, também observado o disposto no final do item I; VI – operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valôres  mobiliários; 

VII – serviços de transporte e comunicações, salvo os de natureza estritamente  municipal; 

VIII – produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de  lubrificantes e combustíveis líquidos ou gasosos e de energia elétrica, impôsto  que incidirá uma só vez sôbre qualquer dessas operações, excluída a incidência  de outro tributo sôbre elas; e 

IX – a extração, a circulação, a distribuição ou o consumo dos minerais do País  enumerados em lei, impôsto que incidirá uma só vez sôbre qualquer dessas 

operações, observado o disposto no final do item anterior. 

§ 1º A União poderá instituir outros impostos, além dos mencionados nos itens  anteriores, desde que não tenham fato gerador ou base de cálculo idênticos aos  dos previstos nos artigos 23 e 24. 

§ 2º A União pode instituir: 

I – contribuições, nos têrmos do item I dêste artigo, tendo em vista intervenção  no domínio econômico e o interêsse da previdência social ou de categorias  profissionais; e 

II – empréstimos compulsórios, nos casos especiais definidos em lei  complementar, aos quais se aplicarão as disposições constitucionais relativas aos  tributos e às normas gerais do direito tributário. 

§ 3º O impôsto sôbre produtos industrializados será seletivo em função da  essencialidade dos produtos, e não-cumulativo, abatendo-se, em cada operação,  o montante cobrado nas anteriores. 

§ 4º A lei poderá destinar a receita dos impostos enumerados nos itens II e VI  dêste artigo à formação de reservas monetárias ou de capital para financiamento  de programa de desenvolvimento econômico. 

§ 5º A União poderá transferir o exercício supletivo de sua competência  tributária aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. 

§ 6º O impôsto de que trata o item III dêste artigo não incidirá sôbre glebas  rurais de área não excedente a vinte e cinco hectares, quando as cultive, só ou  com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel. 

Art. 22. Compete à União, na iminência ou no caso de guerra externa, instituir,  temporàriamente, impostos extraordinários compreendidos, ou não, em sua  competência tributária, os quais serão suprimidos gradativamente, cessadas as  causas de sua criação. 

Art. 23. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sôbre: 

I – transmissão, a qualquer título, de bens imóveis por natureza e acessão física e  de direitos reais sôbre imóveis, exceto os de garantia, bem como sôbre a cessão  de direitos à sua aquisição; e 

II – operações relativas à circulação de mercadorias, realizadas por produtores,  industriais e comerciantes, impostos que não serão cumulativos e dos quais se  abaterá nos têrmos do disposto em lei complementar, o montante cobrado nas  anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. 

§ 1º O produto da arrecadação do impôsto a que se refere o item IV do artigo 21,  incidente sôbre rendimentos do trabalho e de títulos da dívida pública pagos  pelos Estados e pelo Distrito Federal, será distribuído a êstes, na forma que a lei  estabelecer, quando forem obrigados a reter o tributo.

§ 2º O impôsto de que trata o item I compete ao Estado onde está situado o  imóvel, ainda que a transmissão resulte de sucessão aberta no estrangeiro; sua  alíquota não excederá os limites estabelecidos em resolução do Senado Federal  por proposta do Presidente da República, na forma prevista em lei. 

§ 3º O impôsto a que se refere o item I não incide sôbre a transmissão de bens  ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de  capital, nem sôbre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão,  incorporação ou extinção de capital de pessoa jurídica, salvo se a atividade  preponderante dessa entidade fôr o comércio dêsses bens ou direitos ou a  locação de imóveis. 

§ 4º Lei complementar poderá instituir, além das mencionadas no item II, outras  categorias de contribuintes daquele impôsto. 

§ 5º A alíquota do impôsto à que se refere o item II será uniforme para tôdas as  mercadorias nas operações internas e interestaduais; o Senado Federal, mediante  resolução tomada por iniciativa do Presidente da República, fixará as alíquotas  máximas para as operações internas, as interestaduais e as de exportação. 

§ 6º As isenções do impôsto sôbre operações relativas à circulação de  mercadorias serão concedidas ou revogadas nos têrmos fixados em convênios,  celebrados e ratificados pelos Estados, segundo o disposto em lei  complementar. 

§ 7º O impôsto de que trata o item II não incidirá sôbre as operações que  destinem ao exterior produtos industrializados e outros que a lei indicar. 

§ 8º Do produto da arrecadação do impôsto mencionado no item II, oitenta por  cento constituirão receita dos Estados e vinte por cento, dos municípios. As  parcelas pertencentes aos municípios serão creditadas em constas especiais,  abertas em estabelecimentos oficiais de crédito, na forma e nos prazos fixados  em lei federal. 

Art. 24. Compete aos municípios instituir impôsto sôbre: 

I – propriedade predial e territorial urbana; e 

II – serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência tributária  da União ou dos Estados, definidos em lei complementar. 

§ 1º Pertence aos municípios o produto da arrecadação do impôsto mencionado  no item III do artigo 21, incidente sôbre os imóveis situados em seu território. 

§ 2º Será distribuído aos municípios, na forma que a lei estabelecer, o produto  da arrecadação do impôsto de que trata o item IV do artigo 21, incidente sôbre  rendimentos do trabalho e de títulos da dívida pública por êles pagos, quando  forem obrigados a reter o tributo. 

§ 3º Independentemente de ordem superior, em prazo não maior de trinta dias, a  contar da data da arrecadação, e sob pena de demissão, as autoridades 

arrecadadoras dos tributos mencionados no § 1º entregarão aos municípios as  importâncias que a êles pertencerem, à medida que forem sendo arrecadadas. 

§ 4º Lei complementar poderá fixar as alíquotas máximas do impôsto de que  trata o item II. 

Art. 25. Do produto da arrecadação dos impostos mencionados nos itens IV e V  do artigo 21, a União distribuirá doze por cento na forma seguinte: 

I – cinco por cento ao Fundo de Participação dos Estados, do Distrito Federal e  dos Territórios; 

II – cinco por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; e III – dois por cento a Fundo Especial que terá sua aplicação regulada em lei. 

§ 1º A aplicação dos fundos previstos nos itens I e II será regulada por lei  federal, que incumbirá o Tribunal de Contas da União de fazer o cálculo das  quotas estaduais e municipais, ficando a sua entrega a depender: 

da aprovação de programas de aplicação elaborados pelos Estados,  

a) 

Distrito Federal e Municípios, com base nas diretrizes e prioridades  estabelecidas pelo Poder Executivo Federal; 

da vinculação de recursos próprios, pelos Estados, pelo Distrito  b) 

Federal e pelos Municípios, para execução dos programas citados  na alínea a

c) da transferência efetiva, para os Estados, o Distrito Federal e os  Municípios, de encargos executivos da União; e 

do recolhimento dos impostos federais arrecadados pelos Estados,  pelo Distrito Federal e pelos Municípios, e da liquidação das  

d) 

dívidas dessas entidades ou de seus órgãos de administração  indireta, para com a União, inclusive as oriundas de prestação de  garantia. 

§ 2º Para efeito de cálculo da porcentagem destinada aos Fundos de  Participação, excluir-se-á a parcela do impôsto de renda e proventos de qualquer  natureza que, nos têrmos dos artigos 23, § 1º, e 24, § 2º, pertence aos Estados e  Municípios. 

Art. 26. A União distribuirá aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 

I – quarenta por cento do produto da arrecadação do impôsto sôbre lubrificantes  e combustíveis líquidos ou gasosos mencionado no item VIII do artigo 21; II – sessenta por cento do produto da arrecadação do impôsto sôbre energia  elétrica mencionado no item VIII do artigo 21; e 

III – noventa por cento por cento do produto da arrecadação do impôsto sôbre  minerais do País mencionado no item IX do artigo 21. 

§ 1º A distribuição será feita nos têrmos de lei federal, que poderá dispor sôbre a  forma e os fins de aplicação dos recursos distribuídos, conforme os seguintes  critérios:

nos casos dos itens I e II, proporcional à superfície, população,  a) 

produção e consumo, adicionando-se, quando couber, no tocante ao  item II, quota compensatória da área inundada pelos reservatórios; 

b) no caso do item III, proporcional à produção. 

§ 2º As indústrias consumidoras de minerais do País poderão abater o impôsto a  que se refere o item IX do artigo 21 do impôsto sôbre a circulação de  mercadorias e do impôsto sôbre produtos industrializados, na proporção de  noventa por cento e dez por cento, respectivamente. 

CAPÍTULO VI 

DO PODER LEGISLATIVO 

SEÇÃO I 

Disposições Gerais 

Art. 27. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se  compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 

Art. 28. A eleição para deputados e senadores far-se-á simultâneamente em todo  o País. 

Art. 29. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital da União, de  31 de março a 30 de novembro. 

§ 1º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: 

a) pelo Presidente do Senado, em caso de decretação de estado de sítio  ou de intervenção federal; ou 

b) pelo Presidente da República, quando êste a entender necessária. 

§ 2º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional sòmente  deliberará sôbre a matéria para a qual fôr convocado. 

§ 3º Além de reuniões para outros fins previstos nesta Constituição, reunir-se-ão,  em sessão conjunta, funcionando como Mesa a do Senado Federal, êste e a  Câmara dos Deputados, para: 

I – inaugurar sessão legislativa; 

II – elaborar regimento comum; e 

III – discutir e votar o orçamento. 

§ 4º Cada uma das Câmaras reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º  de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e  eleição das respectivas Mesas. 

Art. 30. A cada uma das Câmaras compete elaborar seu regimento interno,  dispor sôbre sua organização, polícia e provimento de cargos de seus serviços.

Parágrafo único. Observar-se-ão as seguintes normas regimentais: na constituição das comissões, assegurar-se-á, tanto quanto  

a) 

possível, a representação proporcional dos partidos nacionais que  participem da respectiva Câmara; 

b) não poderá ser realizada mais de uma sessão ordinária por dia; não será autorizada a publicação de pronunciamentos que  envolverem ofensas às Instituições Nacionais, propaganda de  

guerra, de subversão da ordem política ou social, de preconceito de  c) 

raça, de religião ou de classe, configurarem crimes contra a honra  ou contiverem incitamento à prática de crimes de qualquer  natureza; 

a Mesa da Câmara dos Deputados ou a do Senado Federal  encaminhará, por intermédio da Presidência da República, sòmente  d) 

pedidos de informação sôbre fato relacionado com matéria  legislativa em trâmite ou sôbre fato sujeito à fiscalização do  Congresso Nacional ou de suas Casas; 

não será criada comissão parlamentar de inquérito enquanto  estiverem funcionando concomitantemente pelo menos cinco, salvo  e) 

deliberação por parte da maioria da Câmara dos Deputados ou do  Senado Federal; 

a comissão parlamentar de inquérito funcionará na sede do  f) 

Congresso Nacional, não sendo permitidas despesas com viagens  para seus membros; 

não será de qualquer modo subvencionada viagem de congressista  ao exterior, salvo no desempenho de missão temporária, de caráter  g) 

diplomático ou cultural, mediante prévia designação do Poder  Executivo e concessão de licença da Câmara a que pertencer o  deputado ou senador; e 

h) será de dois anos o mandato para membro da Mesa de qualquer das  Câmaras, proibida reeleição. 

Art. 31. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada  Câmara serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria de seus  membros. 

Art. 32. Os deputados e senadores são invioláveis, no exercício do mandato, por  suas opiniões, palavras e votos, salvo nos casos de injúria, difamação ou calúnia,  ou nos previstos na Lei de Segurança Nacional. 

§ 1º Durante as sessões, e quando para elas se dirigirem ou delas regressarem, os  deputados e senadores não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime  comum ou perturbação da ordem pública. 

§ 2º Nos crimes comuns, os deputados e senadores serão submetidos a  julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 

§ 3º A incorporação, às fôrças armadas, de deputados e senadores, embora  militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara 

respectiva. 

§ 4º As prerrogativas processuais dos senadores e deputados, arrolados como  testemunhas, não subsistirão, se deixarem êles de atender, sem justa causa, no  prazo de trinta dias, o convite judicial. 

Art. 33. O subsídio, dividido em parte fixa e parte variável, e a ajuda de custo de  deputados e senadores serão iguais e estabelecidos no fim de cada legislatura  para a subseqüente. 

§ 1º Por ajuda de custo entender-se-á a compensação de despesas com transporte  e outras imprescindíveis para o comparecimento à sessão legislativa ordinária ou  à sessão legislativa extraordinária convocada na forma do § 1º do artigo 29. 

§ 2º O pagamento da ajuda de custo será feito em duas parcelas, sòmente  podendo o congressista receber a segunda se houver comparecido a dois terços  da sessão legislativa ordinária ou de sessão legislativa extraordinária. 

§ 3º O pagamento da parte variável do subsídio corresponderá ao  comparecimento efetivo do congressista e à participação nas votações. 

§ 4º Serão remuneradas, até o máximo de oito por mês, as sessões  extraordinárias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; pelo  comparecimento a essas sessões e às do Congresso Nacional, será paga  remuneração não excedente, por sessão, a um trinta avos da parte variável do  subsídio mensal. 

Art. 34. Os deputados e senadores não poderão: 

I – desde a expedição do diploma: 

firmar ou manter contrato com pessoa de direito público, autarquia,  

emprêsa pública, sociedade de economia mista ou emprêsa  a) 

concessionária de serviço público, salvo quando o contrato  obedecer a cláusulas uniformes; 

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprêgo remunerado nas  entidades constantes da alínea anterior; 

II – desde a posse: 

ser proprietários ou diretores de emprêsa que goze de favor  

a) 

decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou  nela exercer função remunerada; 

b) ocupar cargo, função ou emprêgo, de que sejam demissíveis ad  nutum , nas entidades referidas na alínea a do item I; 

c) exercer outro cargo eletivo federal, estadual ou municipal; e d) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a  que se refere a alínea a do item I. 

Art. 35. Perderá o mandato o deputado ou senador: 

I – que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II – cujo procedimento fôr declarado incompatível com o decôro parlamentar ou  atentatório das instituições vigentes; 

III – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa anual, à têrça parte  das sessões ordinárias da Câmara a que pertencer, salvo doença comprovada,  licença ou missão autorizada pela respectiva Casa; 

IV – que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; ou 

V – que praticar atos de infidelidade partidária, segundo o previsto no parágrafo  único do artigo 152. 

§ 1º Além de outros casos definidos no regimento interno, considerar-se-á  incompatível com o decôro parlamentar o abuso das prerrogativas asseguradas  ao congressista ou a percepção, no exercício do mandato, de vantagens ilícitas  ou imorais. 

§ 2º Nos casos dos itens I e II, a perda do mandato será declarada pela Câmara  dos Deputados ou pelo Senado Federal, mediante provocação de qualquer de  seus membros, da respectiva Mesa ou de partido político. 

§ 3º No caso do item III, a perda do mandato poderá ocorrer por provocação de  qualquer dos membros da Câmara, de partido político ou do primeiro suplente  do partido, e será declarada pela Mesa da Câmara a que pertencer o  representante, assegurada plena defesa e podendo a decisão ser objeto de  apreciação judicial. 

§ 4º Se ocorrerem os casos dos itens IV e V, a perda será automática e declarada  pela respectiva Mesa. 

Art. 36. Não perderá o mandato o deputado ou senador investido na função de  Ministro de Estado. 

§ 1º Dar-se-á a convocação de suplente apenas no caso de vaga em virtude de  morte, renúncia ou investidura na função de Ministro de Estado. Não havendo  suplente, só será feita a eleição do substituto em caso de vaga, se faltarem mais  de quinze meses para o término do mandato. 

§ 2º Com licença de sua Câmara, poderá o deputado ou senador desempenhar  missões temporárias de caráter diplomático ou cultural. 

Art. 37. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em conjunto ou  separadamente, criarão comissões de inquérito sobre fato determinado e por  prazo certo, mediante requerimento de um têrço de seus membros. 

Art. 38. Os Ministros de Estado serão obrigados a comparecer perante a Câmara  dos Deputados, o Senado Federal ou qualquer de suas comissões, quando uma  ou outra Câmara, por deliberação da maioria, os convocar para prestarem,  pessoalmente, informações acêrca de assunto prèviamente determinado. 

§ 1º A falta de comparecimento, sem justificação, importa crime de  responsabilidade.

§ 2º Os Ministros de Estado, a seu pedido, poderão comparecer perante as  comissões ou o plenário de qualquer das Casas do Congresso Nacional e discutir  projetos relacionados com o Ministério sobre sua direção. 

SEÇÃO II 

Da Câmara dos Deputados 

Art. 39. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos,  entre cidadãos maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos,  por voto direto e secreto, em cada Estado e Território. 

§ 1º Cada legislatura durará quatro anos. 

§ 2º O número de deputados por Estado será estabelecido em lei, na proporção  dos eleitores nêle inscritos, conforme os seguintes critérios: 

a) até cem mil eleitores, três deputados; 

b) de cem mil e um a três milhões de eleitores, mais um deputado para  cada grupo de cem mil ou fração superior a cinqüenta mil; 

de três milhões e um a seis milhões de eleitores, mais um deputado  

c) 

para cada grupo de trezentos mil ou fração superior a cento e  cinqüenta mil; e 

além de seis milhões de eleitores, mais um deputado para cada  d) 

grupo de quinhentos mil ou fração superior a duzentos e cinqüenta  mil. 

§ 3º Excetuado o de Fernando de Noronha, cada Território será representado na  Câmara por um deputado. 

§ 4º O número de deputados não vigorará na legislatura em que fôr fixado. Art. 40. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: 

I – declarar, por dois terços dos seus membros, a procedência de acusação contra  o Presidente da República e os Ministros de Estado; 

II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não  apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da  sessão legislativa; 

III – propor projetos de lei que criem ou extingam cargos de seus serviços e  fixem os respectivos vencimentos. 

SEÇÃO III 

Do Senado Federal 

Art. 41. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados, eleitos  pelo voto secreto e direto, dentre os cidadãos maiores de trinta e cinco anos, no  exercício de seus direitos políticos, segundo o princípio majoritário.

§ 1º Cada Estado elegerá três senadores, com mandato de oito anos, renovando se a representação, de quatro em quatro, alternadamente, por um e por dois  terços. 

§ 2º Cada senador será eleito com seu suplente. 

Art. 42. Compete privativamente ao Senado Federal: 

I – julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os  Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aquêles; II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, nos crimes de responsabilidade; 

III – aprovar, prèviamente, por voto secreto, a escolha de magistrados, nos casos  determinados pela Constituição, dos Ministros do Tribunal de Contas da União,  do Governador do Distrito Federal, bem como dos Conselheiros do Tribunal de  

Contas do Distrito Federal e dos Chefes de missão diplomática de caráter  permanente; 

IV – autorizar empréstimos, operações ou acôrdos externos, de qualquer  natureza, de interêsse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ouvido  o Poder Executivo Federal; 

V – legislar para o Distrito Federal, segundo o disposto no § 1º do artigo 17, e  nêle exercer a fiscalização financeira e orçamentária, com o auxílio do  respectivo Tribunal de Contas; 

VI – fixar, por proposta do Presidente da República e mediante resolução, limites  globais para o montante da dívida consolidada dos Estados e dos Municípios;  estabelecer e alterar limites de prazo, mínimo e máximo, taxas de juros e demais  condições das obrigações por êles emitidas; e proibir ou limitar temporàriamente  a emissão e o lançamento de quaisquer obrigações dessas entidades; VII – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei ou decreto, declarados  inconstitucionais por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; VIII – expedir resoluções; e 

IX – propor projetos de lei que criem ou extingam cargos de seus serviços e  fixem os respectivos vencimentos. 

Parágrafo único. Nos casos previstos nos itens I e II, funcionará como  Presidente do Senado Federal o do Supremo Tribunal Federal; sòmente por dois  terços de votos será proferida a sentença condenatória, e a pena limitar-se-á à  perda do cargo, com inabilitação, por cinco anos, para o exercício de função  pública, sem prejuízo de ação da justiça ordinária. 

SEÇÃO IV 

Das Atribuições do Poder Legislativo 

Art. 43. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,  dispor sôbre tôdas as matérias de competência da União, especialmente: 

I – tributos, arrecadação e distribuição de rendas; 

II – orçamento anual e plurianual; abertura e operação de crédito; dívida pública;  emissões de curso forçado;

III – fixação dos efetivos das fôrças armadas para o tempo de paz; IV – planos e programas nacionais e regionais de desenvolvimento; V – criação de cargos públicos e fixação dos respectivos vencimentos,  ressalvado o disposto no item III do artigo 55; 

VI – limites do território nacional; espaço aéreo e marítimo; bens do domínio da  União; 

VII – transferência temporária da sede do Govêrno Federal; 

VIII – concessão de anistia; e 

IX – organização administrativa e judiciária dos Territórios. 

Art. 44. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 

I – resolver definitivamente sôbre os tratados, convenções e atos internacionais  celebrados pelo Presidente da República; 

II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra e a fazer a paz; a  permitir que fôrças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nêle  permaneçam temporàriamente, nos casos previstos em lei complementar; III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do  País; 

IV – aprovar ou suspender a intervenção federal ou o estado de sítio; V – aprovar a incorporação ou desmembramento de áreas de Estados ou de  Territórios; 

VI – mudar temporàriamente a sua sede; 

VII – fixar, para viger na legislatura seguinte, a ajuda de custo dos membros do  Congresso Nacional, assim como os subsídios dêstes, os do Presidente e os do  Vice-Presidente da República; 

VIII – julgar as contas do Presidente da República; e 

IX – deliberar sôbre o adiamento e a suspensão de suas sessões. 

Art. 45. A lei regulará o processo de fiscalização, pela Câmara dos Deputados e  pelo Senado Federal, dos atos do Poder Executivo, inclusive os da administração  indireta. 

SEÇÃO V 

Do Processo Legislativo 

Art. 46. O processo legislativo compreende a elaboração de: 

I – emendas à Constituição; 

II – leis complementares à Constituição; 

III – leis ordinárias; 

IV – leis delegadas; 

V – decretos-leis; 

VI – decretos legislativos; e 

VII – resoluções. 

Art. 47. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; ou

II – do Presidente da República. 

§ 1º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a  Federação ou a República. 

§ 2º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de estado de sítio. 

§ 3º No caso do item I, a proposta deverá ter a assinatura de um têrço dos  membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. 

Art. 48. Em qualquer dos casos do artigo anterior, itens I e II, a proposta será  discutida e votada em reunião do Congresso Nacional, em duas sessões, dentro  de sessenta dias, a contar da sua apresentação ou recebimento, e havida por  aprovada quando obtiver, em ambas as votações, dois terços dos votos dos  membros de suas Casas. 

Art. 49. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos  Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 

Art. 50. As leis complementares sòmente serão aprovadas, se obtiverem maioria  absoluta dos votos dos membros das duas Casas do Congresso Nacional,  observados os demais têrmos da votação das leis ordinárias. 

Art. 51. O Presidente da República poderá enviar ao Congresso Nacional  projetos de lei sôbre qualquer matéria, os quais, se o solicitar, serão apreciados  dentro de quarenta e cinco dias, a contar do seu recebimento na Câmara dos  Deputados, e de igual prazo no Senado Federal. 

§ 1º A solicitação do prazo mencionado nêste artigo poderá ser feita depois da  remessa do projeto e em qualquer fase de seu andamento. 

§ 2º Se o Presidente da República julgar urgente o projeto, poderá solicitar que a  sua apreciação seja feita em sessão conjunta do Congresso Nacional, dentro do  prazo de quarenta dias. 

§ 3º Na falta de deliberação dentro dos prazos estipulados nêste artigo e  parágrafos anteriores, considerar-se-ão aprovados os projetos. 

§ 4º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados  far-se-á, nos casos previstos nêste artigo e em seu § 1º, no prazo de dez dias;  findo êste, serão tidas por aprovadas, se não tiver havido deliberação. 

§ 5º Os prazos do artigo 48, dêste artigo e de seus parágrafos e do § 1º do artigo  55 não correrão nos períodos de recesso do Congresso Nacional. 

§ 6º O disposto nêste artigo não se aplicará aos projetos de codificação. 

Art. 52. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República,  comissão do Congresso Nacional ou de qualquer de suas Casas.

Parágrafo único. Não serão objeto de delegação os atos da competência  exclusiva do Congresso Nacional, nem os da competência privativa da Câmara  dos Deputados ou do Senado Federal, nem a legislação sôbre: 

I – a organização dos juízos e tribunais e as garantias da magistratura, II – a nacionalidade, a cidadania, os direitos políticos e o direito eleitoral; e III – o sistema monetário. 

Art. 53. No caso de delegação a comissão especial, sôbre a qual disporá o  regimento do Congresso Nacional, o projeto aprovado será remetido a sanção,  salvo se, no prazo de dez dias da sua publicação, a maioria dos membros da  comissão ou um quinto da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal  requerer a sua votação pelo plenário. 

Art. 54. A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do  Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os têrmos do seu  exercício. 

Parágrafo único. Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo  Congresso Nacional; êste a fará em votação única, vedada qualquer emenda. 

Art. 55. O Presidente da República, em casos de urgência ou de interêsse  público relevante, e desde que não haja aumento de despesa, poderá expedir  decretos-leis sôbre as seguintes matérias: 

I – segurança nacional; 

II – finanças públicas, inclusive normas tributárias; e 

III – criação de cargos públicos e fixação de vencimentos. 

§ 1º Publicado o texto, que terá vigência imediata, o Congresso Nacional o  aprovará ou rejeitará, dentro de sessenta dias, não podendo emendá-lo; se, nesse  prazo, não houver deliberação, o texto será tido por aprovado. 

§ 2º A rejeição do decreto-lei não implicará a nulidade dos atos praticados  durante a sua vigência. 

Art. 56. A iniciativa das leis cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara  dos Deputados ou do Senado Federal, ao Presidente da República e aos  Tribunais Federais com jurisdição em todo o território nacional. 

Parágrafo único. A discussão e votação dos projetos de iniciativa do Presidente  da República terão início na Câmara dos Deputados, salvo o disposto no § 2º do  artigo 51. 

Art. 57. É da competência exclusiva do Presidente da República a iniciativa das  leis que: 

I – disponham sôbre matéria financeira; 

II – criem cargos, funções ou empregos públicos ou aumentem vencimentos ou a  despesa pública;

III – fixem ou modifiquem os efetivos das fôrças armadas; 

IV – disponham sôbre organização administrativa e judiciária, matéria tributária  e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração do Distrito Federal,  bem como sôbre organização judiciária, administrativa e matéria tributária dos  Territórios; 

V – disponham sôbre servidores públicos da União, seu regime jurídico,  provimento de cargos públicos, estabilidade e aposentadoria de funcionários  civis, reforma e transferência de militares para a inatividade; 

VI – concedam anistia relativa a crimes políticos, ouvido o Conselho de  Segurança Nacional. 

Parágrafo único. Não serão admitidas emendas que aumentem a despesa  prevista: 

a) nos projetos cuja iniciativa seja da exclusiva competência do  Presidente da República; ou 

nos projetos sôbre organização dos serviços administrativos da  

b) 

Câmara dos Deputados, do Senado Federal e dos Tribunais  Federais. 

Art. 58. O projeto de lei aprovado por uma Câmara será revisto pela outra, em  um só turno de discussão e votação. 

§ 1º Se a Câmara revisora o aprovar, o projeto será enviado a sanção ou a  promulgação; se o emendar, volverá à Casa iniciadora, para que aprecie a  emenda; se o rejeitar, será arquivado. 

§ 2º O projeto de lei, que receber, quanto ao mérito, parecer contrário de tôdas as  comissões, será tido como rejeitado. 

§ 3º A matéria constante do projeto de lei rejeitado ou não sancionado, assim  como a constante de proposta de emenda à Constituição, rejeitada ou havida por  prejudicada, sòmente poderá constituir objeto de nôvo projeto, na mesma sessão  legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das  Câmaras, ressalvadas as proposições de iniciativa do Presidente da República. 

Art. 59. Nos casos do artigo 43, a Câmara na qual se haja concluído a votação  enviará o projeto ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará;  para o mesmo fim, ser-lhe-ão remetidos os projetos havidos por aprovados nos  têrmos do § 3º do artigo 51. 

§ 1º Se o Presidente da República julgar o projeto, no todo ou em parte,  inconstitucional ou contrário ao interêsse público, vetá-lo-á, total ou  parcialmente, dentro de quinze dias úteis, contados daquele em que o receber, e  comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os  motivos do veto. Se a sanção for negada, quando estiver finda a sessão  legislativa, o Presidente da República publicará o veto. 

§ 2º Decorrida a quinzena, o silêncio do Presidente da República importará  sanção.

§ 3º Comunicado o veto ao Presidente do Senado Federal, êste convocará as  duas Câmaras para, em sessão conjunta, dêle conhecerem, considerando-se  aprovado o projeto que, dentro de quarenta e cinco dias, em votação pública,  obtiver o voto de dois terços dos membros de cada uma das Casas. Nesse caso,  será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. 

§ 4º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no parágrafo anterior, o veto  será considerado mantido. 

§ 5º Se a lei não fôr promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente  da República, nos casos do § 2º e do § 3º, o Presidente do Senado Federal a  promulgará e, se êste não o fizer em igual prazo, fá-lo-á o Vice-Presidente do  Senado Federal. 

§ 6º Nos casos do artigo 44, após a aprovação final, a lei será promulgada pelo  Presidente do Senado Federal. 

§ 7º No caso do item V do artigo 42, o projeto de lei vetado será submetido  apenas ao Senado Federal, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 3º. 

SEÇÃO VI 

Do Orçamento 

Art. 60. A despesa pública obedecerá à lei orçamentária anual, que não conterá  dispositivo estranho à fixação da despesa e à previsão da receita. Não se incluem  na proibição: 

I – a autorização para abertura de créditos suplementares e operações de crédito  por antecipação da receita; e 

II – as disposições sôbre a aplicação do saldo que houver. 

Parágrafo único. As despesas de capital obedecerão ainda a orçamentos  plurianuais de investimento, na forma prevista em lei complementar. 

Art. 61. A lei federal disporá sôbre o exercício financeiro, a elaboração e a  organização dos orçamentos públicos. 

§ 1º É vedada: 

a) a transposição, sem prévia autorização legal, de recursos de uma  dotação orçamentária para outra; 

b) a concessão de créditos ilimitados; 

a abertura de crédito especial ou suplementar sem prévia  

c) 

autorização legislativa e sem indicação dos recursos  correspondentes; e 

d) a realização, por qualquer dos Podêres, de despesas que excedam os  créditos orçamentários ou adicionais.

§ 2º A abertura de crédito extraordinário sòmente será admitida para atender  despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, subversão  interna ou calamidade pública. 

Art. 62. O orçamento anual compreenderá obrigatòriamente as despesas e  receitas relativas a todos os Podêres, órgãos e fundos, tanto da administração  direta quanto da indireta, excluídas apenas as entidades que não recebam  subvenções ou transferências à conta do orçamento. 

§ 1º A inclusão, no orçamento anual, da despesa e da receita dos órgãos da  administração indireta será feita em dotações globais e não lhes prejudicará a  autonomia na gestão legal dos seus recursos. 

§ 2º Ressalvados os impostos mencionados nos itens VIII e IX do artigo 21 e as  disposições desta Constituição e de leis complementares, é vedada a vinculação  do produto da arrecadação de qualquer tributo a determinado órgão, fundo ou  despesa. A lei poderá, todavia, estabelecer que a arrecadação parcial ou total de  certos tributos constitua receita do orçamento de capital, proibida sua aplicação  no custeio de despesas correntes. 

§ 3º Nenhum investimento, cuja execução ultrapasse um exercício financeiro,  poderá ser iniciado sem prévia inclusão no orçamento plurianual de  investimento ou sem prévia lei que o autorize e fixe o montante das dotações  que anualmente constarão do orçamento, durante o prazo de sua execução. 

§ 4º Os créditos especiais e extraordinários não poderão ter vigência além do  exercício em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização fôr  promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos  nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do exercício financeiro  subseqüente. 

Art. 63. O orçamento plurianual de investimento consignará dotações para a  execução dos planos de valorização das regiões menos desenvolvidas do País. 

Art. 64. Lei complementar estabelecerá os limites para as despesas de pessoal  da União, dos Estados e dos Municípios. 

Art. 65. É da competência do Poder Executivo a iniciativa das leis  orçamentárias e das que abram créditos, fixem vencimentos e vantagens dos  servidores públicos, concedam subvenção ou auxílio ou, de qualquer modo,  autorizem, criem ou aumentem a despesa pública. 

§ 1º Não será objeto de deliberação a emenda de que decorra aumento de  despesa global ou de cada órgão, fundo, projeto ou programa, ou que vise a  modificar-lhe o montante, a natureza ou o objetivo. 

§ 2º Observado, quanto ao projeto de lei orçamentária anual, o disposto nos §§  1º, 2º e 3º do artigo seguinte, os projetos de lei mencionados neste artigo  sòmente receberão emendas nas comissões do Congresso Nacional, sendo final o 

pronunciamento das comissões, salvo se um têrço dos membros da Câmara  respectiva pedir ao seu Presidente a votação em plenário, que se fará sem  discussão, de emenda aprovada ou rejeitada nas comissões. 

Art. 66. O projeto de lei orçamentária anual será enviado pelo Presidente da  República ao Congresso Nacional, para votação conjunta das duas Casas, até  quatro meses antes do início do exercício financeiro seguinte; se, até trinta dias  antes do encerramento do exercício financeiro, o Poder Legislativo não o  devolver para sanção, será promulgado como lei. 

§ 1º Organizar-se-á comissão mista de senadores e deputados para examinar o  projeto de lei orçamentária e sôbre êle emitir parecer. 

§ 2º Sòmente na comissão mista poderão ser oferecidas emendas. 

§ 3º O pronunciamento da comissão sôbre as emendas será conclusivo e final,  salvo se um têrço dos membros da Câmara dos Deputados e, mais um têrço dos  membros do Senado Federal requererem a votação em plenário de emenda  aprovada ou rejeitada na comissão. 

§ 4º Aplicam-se ao projeto de lei orçamentária, no que não contrariem o  disposto nesta seção, as demais normas relativas à elaboração legislativa. 

§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional  para propor a modificação do projeto de lei orçamentária, enquanto não estiver  concluída a votação da parte cuja alteração é proposta. 

Art. 67. As operações de créditos para antecipação da receita autorizada no  orçamento anual não excederão a quarta parte da receita total estimada para o  exercício financeiro e, até trinta dias depois do encerramento dêste, serão  obrigatoriamente liquidadas. 

Parágrafo único. Excetuadas as operações da dívida pública, a lei que autorizar  operação de crédito, a qual deva ser liquidada em exercício financeiro  subseqüente, fixará desde logo as dotações que hajam de ser incluídas no  orçamento anual, para os respectivos serviços de juros, amortização e resgate,  durante o prazo para a sua liquidação. 

Art. 68. O numerário correspondente às dotações destinadas à Câmara dos  Deputados, ao Senado Federal e aos Tribunais Federais será entregue no início  de cada trimestre, em quotas estabelecidas na programação financeira do  Tesouro Nacional, com a participação percentual nunca inferior à estabelecida  pelo Poder Executivo para os seus próprios órgãos. 

Art. 69. As operações de resgate e de colocação de títulos do Tesouro Nacional,  relativas à amortização de empréstimos internos, não atendidas pelo orçamento  anual, serão reguladas em lei complementar. 

SEÇÃO VII

Da Fiscalização Financeira e Orçamentária 

Art. 70. A fiscalização financeira e orçamentária da União será exercida pelo  Congresso Nacional mediante contrôle externo e pelos sistemas de contrôle  interno do Poder Executivo, instituídos por lei. 

§ 1º O contrôle externo do Congresso Nacional será exercido com o auxílio do  Tribunal de Contas da União e compreenderá a apreciação das contas do  Presidente da República, o desempenho das funções de auditoria financeira e orçamentária, bem como o julgamento das contas dos administradores e demais  responsáveis por bens e valôres públicos. 

§ 2º O Tribunal de Contas da União dará parecer prévio, em sessenta dias, sôbre  as contas que o Presidente da República prestar anualmente; não sendo estas  enviadas dentro do prazo, o fato será comunicado ao Congresso Nacional, para  os fins de direito, devendo aquêle Tribunal, em qualquer caso, apresentar  minucioso relatório do exercício financeiro encerrado. 

§ 3º A auditoria financeira e orçamentária será exercida sôbre as contas das  unidades administrativas dos três Podêres da União, que, para êsse fim, deverão  remeter demonstrações contábeis ao Tribunal de Contas da União, a que caberá  realizar as inspeções necessárias. 

§ 4º O julgamento da regularidade das contas dos administradores e demais  responsáveis será baseado em levantamento contábeis, certificados de auditoria  e pronunciamento das autoridades administrativas, sem prejuízo das inspeções  mencionadas no parágrafo anterior. 

§ 5º As normas de fiscalização financeira e orçamentária estabelecidas nesta  seção aplicar-se-ão às autarquias. 

Art. 71. O Poder Executivo manterá sistema de contrôle interno, a fim de: 

I – criar condições indispensáveis para assegurar eficácia ao contrôle externo e  regularidade à realização da receita e da despesa; 

II – acompanhar a execução de programas de trabalho e a do orçamento; e III – avaliar os resultados alcançados pelos administradores e verificar a  execução dos contratos. 

Art. 72. O Tribunal de Contas da União, com sede no Distrito Federal e quadro  próprio de pessoal, tem jurisdição em todo o País. 

§ 1º O Tribunal exerce, no que couber, as atribuições previstas no artigo 115. 

§ 2º A lei disporá sôbre a organização do Tribunal, podendo dividi-lo em  Câmaras e criar delegações ou órgãos destinados a auxiliá-lo no exercício das  suas funções e na descentralização dos seus trabalhos. 

§ 3º Os seus Ministros serão nomeados pelo Presidente da República, depois de  aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentre brasileiros, maiores de trinta e 

cinco anos, de idoneidade moral e notórios conhecimentos jurídicos,  econômicos, financeiros ou de administração pública, e terão as mesmas  garantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos Ministros do Tribunal  Federal de Recursos. 

§ 4º No exercício de suas atribuições de contrôle da administração financeira e  orçamentária, o Tribunal representará ao Poder Executivo e ao Congresso  Nacional sôbre irregularidades e abusos por êle verificados. 

§ 5º O Tribunal, de ofício ou mediante provocação do Ministério Público ou das  auditorias financeiras e orçamentárias e demais órgãos auxiliares, se verificar a  ilegalidade de qualquer despesa, inclusive as decorrentes de contratos, deverá: 

a) assinar prazo razoável para que o órgão da administração pública  adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei; b) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, exceto em  relação a contrato; 

solicitar ao Congresso Nacional, em caso de contrato, que  

c) 

determine a medida prevista na alínea anterior ou outras necessárias  ao resguardo dos objetivos legais. 

§ 6º O Congresso Nacional deliberará sôbre a solicitação de que cogita a  alínea c do parágrafo anterior, no prazo de trinta dias, findo a qual, sem  pronunciamento do Poder Legislativo, será considerada insubsistente a  impugnação. 

§ 7º O Presidente da República poderá ordenar a execução do ato a que se refere  a alínea b do § 5º, ad referendum do Congresso Nacional. 

§ 8º O Tribunal de Contas da União julgará da legalidade das concessões iniciais  de aposentadorias, reformas e pensões, não dependendo de sua decisão as  melhorias posteriores. 

CAPÍTULO VII 

DO PODER EXECUTIVO 

SEÇÃO I 

Do Presidente e do Vice-Presidente da República 

Art. 73. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado  pelos Ministros de Estado. 

Art. 74. O Presidente será eleito, entre os brasileiros maiores de trinta e cinco  anos e no exercício dos direitos políticos, pelo sufrágio de um colégio eleitoral, e  sessão pública e mediante votação nominal. 

§ 1º O colégio eleitoral será composto dos membros do Congresso Nacional e de  delegados das Assembléias Legislativas dos Estados.

§ 2º Cada Assembléia indicará três delegados, dentre seus membros, e mais um  por quinhentos mil eleitores inscritos no Estado, não podendo nenhuma  representação ter menos de quatro delegados. 

§ 3º A composição e o funcionamento do colégio eleitoral serão regulados em  lei complementar. 

Art. 75. O colégio eleitoral reunir-se-á na sede do Congresso Nacional, a 15 de  janeiro do ano que findar o mandato presidencial. 

§ 1º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido  político, obtiver maioria absoluta de votos. 

§ 2º Se nenhum candidato obtiver maioria absoluta na primeira votação, os  escrutínios serão repetidos, e a eleição dar-se-á no terceiro, por maioria simples. § 3º O mandato do Presidente da República é de cinco anos. 

Art. 76. O Presidente tomará posse em sessão do Congresso Nacional e, se êste  não estiver reunido, perante o Supremo Tribunal Federal, prestando  compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis,  promover o bem geral e sustentar a união, a integridade e a independência do  Brasil. 

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o  Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de fôrça maior, não tiver  assumido o cargo, êste será declarado vago pelo Congresso Nacional. 

Art. 77. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no  de vaga, o Vice-Presidente. 

 § 1° O candidato a Vice-Presidente, que deverá satisfazer os requisitos do  artigo 74, considerar-se-á eleito em virtude da eleição do candidato a Presidente  com êle registrado; o seu mandato é de cinco anos e na sua posse observar-se-á o  disposto no artigo 76 e seu parágrafo único. 

 § 2° O Vice-Presidente, além de outras atribuições que lhe forem conferidas  em lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por êle convocado para  missões especiais. 

Art. 78. Em caso de implemento do Presidente e do Vice-Presidente ou vacância  dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da  Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do  Supremo Tribunal Federal. 

Art. 79. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente, far-se-á eleição  trinta dias depois de aberta a última vaga, e os eleitos completarão os períodos  de seus antecessores. 

Art. 80. O Presidente e o Vice-Presidente não poderão ausentar-se do País sem  licença do Congresso Nacional, sob pena de perda do cargo. 

SEÇÃO II

Das Atribuições do Presidente da República 

Art. 81. Compete privativamente ao Presidente da República: 

I – exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da  administração federal; 

II – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta  Constituição; 

III – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, expedir decretos e  regulamentos para a sua fiel execução; 

IV – vetar projetos de lei; 

V – dispor sôbre a estruturação, atribuições e funcionamento dos órgãos da  administração federal; 

VI – nomear e exonerar os Ministros de Estado, o Governador do Distrito  Federal e os dos Territórios; 

VII – aprovar a nomeação dos prefeitos dos municípios declarados de interêsse  da segurança nacional; 

VIII – prover e extinguir os cargos públicos federais; 

IX – manter relações com os Estados estrangeiros; 

X – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, ad referendum do  Congresso Nacional; 

XI – declarar guerra, depois de autorizado pelo Congresso Nacional, ou, sem  prévia autorização, no caso de agressão estrangeira ocorrida no intervalo das  sessões legislativas; 

XII – fazer a paz, com autorização ou ad referendum do Congresso Nacional; XIII – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que fôrças estrangeiras  transitem pelo território nacional ou nêle permaneçam temporàriamente; XIV – exercer o comando supremo das fôrças armadas; 

XV – decretar a mobilização nacional, total ou parcialmente; 

XVI – decretar o estado de sítio; 

XVII – decretar e executar a intervenção federal; 

XVIII – autorizar brasileiros a aceitar pensão, emprêgo ou comissão de govêrno  estrangeiro; 

XIX – enviar proposta de orçamento ao Congresso Nacional; 

XX – prestar anualmente ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a  abertura da sessão legislativa, as contas relativas ao ano anterior; XXI – remeter mensagem ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da  sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que  julgar necessárias; e 

XXII – conceder indulto e comutar penas com audiência, se necessário, dos  órgãos instituídos em lei. 

Parágrafo único. O Presidente da República poderá outorgar ou delegar as  atribuições mencionadas nos itens V, VIII, primeira parte, XVIII e XXII dêste  artigo aos Ministros de Estado ou a outras autoridades, que observarão os limites  traçados nas outorgas e delegações. 

SEÇÃO III 

Da Responsabilidade do Presidente da República

Art. 82. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente que atentarem  contra a Constituição Federal e, especialmente: 

I – a existência da União; 

II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos Podêres  constitucionais dos Estados: 

III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 

IV – a segurança interna do País; 

V – a probidade na administração; 

VI – a lei orçamentária; e 

VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciárias. 

Parágrafo único. Êsses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá  as normas de processo e julgamento. 

Art. 83. O Presidente, depois que a Câmara dos Deputados declarar procedente  a acusação pelo voto de dois terços de seus membros, será submetido a  julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nos crimes comuns, ou perante  o Senado Federal, nos de responsabilidade. 

§ 1º Declarada procedente a acusação, o Presidente ficará suspenso de suas  funções. 

§ 2º Se, decorrido o prazo de sessenta dias, o julgamento não estiver concluído,  será arquivado o processo. 

SEÇÃO IV 

Dos Ministros de Estado 

Art. 84. Os Ministros de Estado, auxiliares do Presidente da República, serão  escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e cinco anos e no exercício dos  direitos políticos. 

Art. 85. Compete ao Ministro de Estado, além das atribuições que a  Constituição e as leis estabelecerem: 

I – exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da  administração federal na área de sua competência, e referendar os atos e decretos  assinados pelo Presidente; 

II – expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; III – apresentar ao Presidente da República relatório anual dos serviços  realizados no Ministério; e 

IV – praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou  delegadas pelo Presidente da República. 

SEÇÃO V 

Da Segurança Nacional 

Art. 86. Tôda pessoa, natural ou jurídica, é responsável pela segurança nacional, 

nos limites definidos em lei. 

Art. 87. O Conselho de Segurança Nacional é o órgão de mais alto nível na  assessoria direta ao Presidente da República, para formulação e execução da  política de segurança nacional. 

Art. 88. O Conselho de Segurança Nacional é presidido pelo Presidente da  República e dêle participam, no caráter de membros natos, o Vice-Presidente da  República e todos os Ministros de Estado. 

Parágrafo único. A lei regulará a sua organização, competência e  funcionamento e poderá admitir outros membros natos ou eventuais. 

Art. 89. Ao Conselho de Segurança Nacional compete: 

I – estabelecer os objetivos nacionais permanentes e as bases para a política  nacional; 

II – estudar, no âmbito interno e externo, os assuntos que interessem à segurança  nacional; 

III – indicar as áreas indispensáveis à segurança nacional e os municípios  considerados de seu interêsse; 

IV – dar, em relação às áreas indispensáveis à segurança nacional, assentimento  prévio para: 

a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de  meios de comunicação; 

b) construção de pontes, estradas internacionais e campos de pouso; e c) estabelecimento ou exploração de indústrias que interessem à  segurança nacional; 

V – modificar ou cassar as concessões ou autorizações mencionadas no item  anterior; e 

VI – conceder licença para o funcionamento de órgãos ou representações de  entidades sindicais estrangeiras, bem como autorizar a filiação das nacionais a  essas entidades. 

Parágrafo único. A lei indicará os municípios de interêsse da segurança  nacional e as áreas a esta indispensáveis, cuja utilização regulará, sendo  assegurada, nas indústrias nelas situadas, predominância de capitais e  trabalhadores brasileiros. 

SEÇÃO VI 

Das Fôrças Armadas 

Art. 90. As Fôrças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela  Aeronáutica, são instituições nacionais, permanentes e regulares, organizadas  com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente  da República e dentro dos limites da lei. 

Art. 91. As Fôrças Armadas, essenciais à execução da política de segurança 

nacional, destinam-se à defesa da Pátria e à garantia dos podêres constituídos, da  lei e da ordem. 

Parágrafo único. Cabe ao Presidente da República a direção da política da  guerra e a escolha dos Comandantes-Chefes. 

Art. 92. Todos os brasileiros são obrigados ao serviço militar ou a outros  encargos necessários à segurança nacional, nos têrmos e sob as penas da lei. 

Parágrafo único. As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar  em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. 

Art. 93. As patentes, com as vantagens, prerrogativas e deveres a elas inerentes,  são asseguradas em tôda a plenitude, assim aos oficiais da ativa e da reserva  como aos reformados. 

§ 1º Os títulos, postos e uniformes militares são privativos dos militares da ativa,  da reserva ou reformados. Os uniformes serão usados na forma que a lei  determinar. 

§ 2º O oficial das Fôrças Armadas só perderá o pôsto e a patente se fôr  declarado indigno do oficialato ou com êle incompatível, por decisão de tribunal  militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em  tempo de guerra. 

§ 3º O militar condenado por tribunal civil ou militar a pena restritiva da  liberdade individual superior a dois anos, por sentença condenatória passada em  julgado, será submetido ao julgamento previsto no parágrafo anterior. § 4º O militar da ativa empossado em cargo público permanente, estranho à sua  carreira, será imediatamente transferido para a reserva, com os direitos e deveres  definidos em lei. 

§ 5º A lei regulará a situação do militar da ativa nomeado para qualquer cargo  público civil temporário, não eletivo, inclusive da administração indireta.  Enquanto permanecer em exercício, ficará êle agregado ao respectivo quadro e  sòmente poderá ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo de  serviço apenas para aquela promoção e transferência para a inatividade, e esta se  dará depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, na forma da lei. § 6º Enquanto perceber remuneração do cargo a que se refere o parágrafo  anterior, o militar da ativa não terá direito aos vencimentos e vantagens do seu  pôsto, assegurada a opção. 

§ 7º A lei estabelecerá os limites de idade e outras condições de transferência  para a inatividade. 

§ 8º Os proventos da inatividade serão revistos sempre que, por motivo de  alteração do poder aquisitivo da moeda, se modificarem os vencimentos dos  militares em serviço ativo; ressalvados os casos previstos em lei, os proventos  da inatividade não poderão exceder a remuneração percebida pelo militar da  ativa no pôsto ou graduação correspondentes aos dos seus proventos. § 9º A proibição de acumular proventos de inatividade não se aplicará aos  militares da reserva e aos reformados, quanto ao exercício de mandato eletivo,  quanto ao de função de magistério ou de cargo em comissão ou quanto ao  contrato para prestação de serviços técnicos ou especializados.

SEÇÃO VII 

Do Ministério Público 

Art. 94. A lei organizará o Ministério Público da União junto aos juízes e  tribunais federais. 

Art. 95. O Ministério Público federal tem por chefe o Procurador-Geral da  República, nomeado pelo Presidente da República, dentre cidadãos maiores de  trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. § 1º Os membros do Ministério Público da União, do Distrito Federal e dos  Territórios ingressarão nos cargos iniciais de carreira, mediante concurso  público de provas e títulos; após dois anos de exercício, não poderão ser  demitidos senão por sentença judiciária ou em virtude de processo  administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, nem removidos a não ser  mediante representação do Procurador-Geral, com fundamento em conveniência  do serviço. 

§ 2º Nas comarcas do interior, a União poderá ser representada pelo Ministério  Público estadual. 

Art. 96. O Ministério Público dos Estados será organizado em carreira, por lei  estadual, observado o disposto no § 1° do artigo anterior. 

SEÇÃO VIII 

Dos Funcionários Públicos 

Art. 97. Os cargos públicos serão acessíveis a todos os brasileiros que  preencham os requisitos estabelecidos em lei. 

§ 1º A primeira investidura em cargo público dependerá de aprovação prévia,  em concurso público de provas ou de provas e títulos, salvo os casos indicados  em lei. 

§ 2º Prescindirá de concurso a nomeação para cargos em comissão, declarados  em lei, de livre nomeação e exoneração. 

Art. 98. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário  não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo, para cargos de  atribuições iguais ou assemelhadas. 

Parágrafo único. Respeitado o disposto neste artigo, é vedada vinculação ou  equiparação de qualquer natureza para o efeito de remuneração do pessoal do  serviço público. 

Art. 99. É vedada a acumulação remunerada de cargos e funções públicas,  exceto: 

I – a de juiz com um cargo de professor; 

II – a de dois cargos de professor; 

III -a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; ou IV – a de dois cargos privativos de médico.

§ 1º Em qualquer dos casos, a acumulação somente será permitida quando  houver correlação de matérias e compatibilidade de horários. § 2º A proibição de acumulação estende-se a cargos, funções ou empregos em  autarquias, emprêsas públicas e sociedade de economia mista. § 3º Lei complementar, de iniciativa exclusiva do Presidente da República,  poderá estabelecer, no interêsse do serviço público, outras exceções à proibição  de acumular, restritas a atividades de natureza técnica ou científica ou de  magistério, exigidas, em qualquer caso, correlação de matérias e  compatibilidade de horários. 

§ 4º A proibição de acumular proventos não se aplica aos aposentados, quanto  ao exercício de mandato eletivo, quanto ao de um cargo em comissão ou quanto  a contrato para prestação de serviços técnicos ou especializados. 

Art. 100. Serão estáveis, após dois anos de exercício, os funcionários nomeados  por concurso. 

Parágrafo único. Extinto o cargo ou declarada pelo Poder Executivo a sua  desnecessidade, o funcionário estável ficará em disponibilidade remunerada,  com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. 

Art. 101. O funcionário será aposentado: 

I – por invalidez; 

II – compulsòriamente, aos setenta anos de idade; ou 

III – voluntariamente, após trinta e cinco anos de serviço. 

Parágrafo único. No caso do item III, o prazo é de trinta anos para as mulheres. Art. 102. Os proventos da aposentadoria serão: 

I – integrais, quando o funcionário: 

a) contar trinta e cinco anos de serviço, se do sexo masculino, ou  trinta anos de serviço, se do feminino; ou 

b) se invalidar por acidente em serviço, por moléstia profissional ou  doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei. 

II – proporcionais ao tempo de serviço, quando o funcionário contar menos de  trinta e cinco anos de serviço, salvo o disposto no parágrafo único do artigo 101. § 1º Os proventos da inatividade serão revistos sempre que, por motivo de  alteração do poder aquisitivo da moeda, se modificarem os vencimentos dos  funcionários em atividade. 

§ 2º Ressalvado o disposto no parágrafo anterior, em caso nenhum os proventos  da inatividade poderão exceder a remuneração percebida na atividade. § 3º O tempo de serviço público federal, estadual ou municipal será computado  integralmente para os efeitos de aposentadoria e disponibilidade, na forma da  lei. 

Art. 103. Lei complementar, de iniciativa exclusiva do Presidente da República,  indicará quais as exceções às regras estabelecidas, quanto ao tempo e natureza  de serviço, para aposentadoria, reforma, transferência para a inatividade e 

disponibilidade. 

Art. 104. O funcionário público investido em mandato eletivo federal ou  estadual ficará afastado do exercício do cargo e sòmente por antiguidade será  promovido. 

§ 1º O período do exercício de mandato federal ou estadual será contado como  tempo de serviço apenas para efeito de promoção por antiguidade e  aposentadoria. 

§ 2º A lei poderá estabelecer outros impedimentos para o funcionário candidato  a mandato eletivo, diplomado para exercê-lo ou já em seu exercício. § 3º O funcionário municipal investido em mandato gratuito de vereador fará jus  à percepção de vantagens às sessões da Câmara. 

Art. 105. A demissão sòmente será aplicada ao funcionário: 

I – vitalício, em virtude de sentença judiciária; 

II – estável, na hipótese do número anterior ou mediante processo administrativo,  em que lhe seja assegurada ampla defesa. 

Parágrafo único. Invalidada por sentença a demissão, o funcionário será  reintegrado; e exonerado quem lhe ocupava o lugar ou, se ocupava outro cargo,  a êste reconduzido, sem direito a indenização. 

Art. 106. O regime jurídico dos servidores admitidos em serviços de caráter  temporário ou contratados para funções de natureza técnica especializada será  estabelecido em lei especial. 

Art. 107. As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que  seus funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros. 

Parágrafo único. Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos  casos de culpa ou dolo. 

Art. 108. O disposto nesta Seção aplica-se aos funcionários dos três Podêres da  União e aos funcionários, em geral, dos Estados, do Distrito Federal, dos  Territórios, e dos Municípios. 

§ 1º Aplicam-se, no que couber, aos funcionários do Poder Legislativo e do  Poder Judiciário da União e dos Estados, e aos das Câmaras Municipais, os  sistemas de classificação e níveis de vencimentos dos cargos do serviço civil do  respectivo Poder Executivo. 

§ 2º Os Tribunais federais e estaduais, assim como o Senado Federal, a Câmara  dos Deputados, as Assembléias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais  sòmente poderão admitir servidores mediante concurso público de provas, ou  provas e títulos, após a criação dos cargos respectivos, por lei aprovada pela  maioria absoluta dos membros das casas legislativas competentes. 

§ 3º A lei a que se refere o parágrafo anterior será votada em dois turnos, com  intervalo mínimo de quarenta e oito horas entre êles.

§ 4º Aos projetos da lei de que tratam os §§ 2º e 3º sòmente serão admitidas  emendas que de qualquer forma aumentem as despesas ou o número de cargos  previstos, quando assinadas pela metade, no mínimo, dos membros das  respectivas casas legislativas. 

Art. 109. Lei federal, de iniciativa exclusiva dos Presidente da República,  respeitado o disposto no artigo 97 e seu § 1º e no § 2º do artigo 108, definirá: 

I – o regime jurídico dos servidores públicos da União, do Distrito Federal e dos  Territórios; 

II – a forma e as condições de provimento dos cargos públicos; e III – as condições para aquisição de estabilidade. 

Art. 110. Os litígios decorrentes das relações de trabalho dos servidores com a  União, inclusive as autarquias e as emprêsas públicas federais, qualquer que seja  o seu regime jurídico, processar-se-ão e julgar-se-ão perante os juízes federais,  devendo ser interposto recurso, se couber, para o Tribunal Federal de Recursos. 

Art. 111. A lei poderá criar contencioso administrativo e atribuir-lhe  competência para o julgamento das causas mencionadas no artigo anterior. 

CAPÍTULO VIII 

DO PODER JUDICIÁRIO 

SEÇÃO I 

Disposições Preliminares 

Art. 112. O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos: 

I – Supremo Tribunal Federal; 

II – Tribunais Federais de Recursos e juízes federais; 

III – Tribunais e juízes militares; 

IV – Tribunais e juízes eleitorais; 

V – Tribunais e juízos do Trabalho; 

VI – Tribunais e juízes estaduais. 

Parágrafo único. Para as causas ou litígios, que a lei definirá, poderão ser  instituídos processo e julgamento de rito sumaríssimo, observados os critérios de  descentralização, de economia e de comodidade das partes. 

Art. 113. Salvo as restrições expressas nesta Constituição, os juízes gozarão das  seguintes garantias: 

I – vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por setença judiciária; II – inamovibilidade, exceto por motivo de interesse público, na forma do § 2º; e III – irredutibilidade de vencimentos, sujeitos, entretanto, aos impostos gerais,  inclusive o de renda, e os impostos extraordinários previstos no artigo 22.

§ 1º A aposentadoria será compulsória aos setenta anos de idade ou por  invalidez comprovada, e facultativa após trinta anos de serviço público, em  todos êsses casos com os vencimentos integrais. 

§ 2º O Tribunal competente poderá determinar, por motivo de interêsse público,  em escrutínio secreto e pelo voto de dois terços de seus juízes efetivos, a  remoção ou a disponibilidade do juiz de categoria inferior, com vencimentos  proporcionais ao tempo de serviço, assegurando-lhe defesa, e proceder da  mesma forma, em relação a seus próprios juízes. 

Art. 114. É vedado ao juiz, sob pena de perda do cargo judiciário: 

I – exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo  um cargo de magistério e nos cas os previstos nesta Constituição; II – receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, porcentagens nos  processos sujeitos a seu despacho e julgamento; e 

III – exercer atividade político-partidária. 

Art. 115. Compete aos Tribunais: 

I – eleger seus Presidentes e demais titulares de sua direção; 

II – elaborar seus regimentos internos e organizar os serviços auxiliares,  provendo-lhes os cargos na forma da lei; propor ao Poder Legislativo a criação  ou a extinção de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos; e III – conceder licença e férias, nos têrmos da lei, aos seus membros e aos juízes e  serventuários que lhes forem imediatamente subordinados. 

Art. 116. Sòmente pelo voto da maioria absoluta de seus membros, poderão os  Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato do poder público 

Art. 117. Os pagamentos devidos pela Fazenda federal, estadual ou municipal,  em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos  precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou  de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos extra-orçamentários  abertos para êsse fim. 

§ 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de  verba necessária ao pagamento dos seus débitos constantes de precatórios  judiciários, apresentados até primeiro de julho. 

§ 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados ao Poder  Judiciário, recolhendo-se as importâncias respectivas à repartição competente.  Caberá ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o  pagamento, segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento  do credor preterido no seu direito de precedência, ouvido o chefe do Ministério  Público, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito. 

SEÇÃO II

Do Supremo Tribunal Federal 

Art. 118. O Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital da União e  jurisdição em todo o território nacional, compõe-se de onze Ministros. 

Parágrafo único. Os Ministros serão nomeados pelo Presidente da República,  depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentre cidadãos maiores de  trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. 

Art. 119. Compete ao Supremo Tribunal Federal: 

I – processar e julgar originàriamente; 

nos crimes comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,  

a) 

os Deputados e Senadores, os Ministros de Estado e o Procurador Geral da República; 

nos crimes comuns e de responsabilidade, os Ministros de Estado,  ressalvado o disposto no item I do artigo 42, os membros dos  Tribunais Superiores da União e dos Tribunais de Justiça dos  b) 

Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, os Ministros do  Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de  caráter permanente; 

c) os litígios entre Estados estrangeiros ou organismos internacionais  e a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Territórios; as causas e conflitos entre a União e os Estados ou territórios ou  

d) 

entre uns e outros, inclusive os respectivos órgãos de administração  indireta; 

e) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Federais de categorias  diversas e entre Tribunais de Estados e os do Distrito Federal; os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e  

judiciárias da União ou entre autoridades judiciárias de um Estado e  f) 

as administrativas de outro, ou do Distrito Federal e dos Territórios,  ou entre as dêstes e as da União; 

g) a extradição requisitada por Estado estrangeiro e a homologação  das sentenças estrangeiras; 

o habeas corpus , quando o coator ou o paciente fôr Tribunal,  

autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à  h) 

jurisdição do Supremo Tribunal Federal ou se tratar de crime  sujeito à mesma jurisdição em única instância; 

os mandados de segurança contra atos do Presidente da República,  das mesas da Câmara e do Senado Federal, do Presidente do  i) 

Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Contas da União, bem  como os impetrados pela União contra atos de governos estaduais; 

j) a declaração de suspensão de direitos na forma do artigo 154; l) a representação do Procurador-Geral da República, por  

inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual; m) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; e n) a execução das sentenças, nas causas de sua competência originária,  facultada a delegação de atos processuais; 

II – julgar em recurso ordinário:

as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo  a) 

internacional, de um lado, e, de outro, município ou pessoa  domiciliada ou residente no País; 

b) os casos previstos no artigo 129, § 1º e § 2º; e 

os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos  

tribunais federais ou tribunais de justiça dos Estados, se denegatória  c) 

a decisão, não podendo o recurso ser substituído por pedido  originário; 

III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou  última instância por outros tribunais, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição ou negar vigência de  tratado ou lei federal; 

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato do govêrno local contestado em face da  Constituição ou de lei federal; ou 

d) der à lei federal interpretação divergente da que lhe tenha dado  outro Tribunal ou o próprio Supremo Tribunal Federal. 

Parágrafo único. As causas a que se refere o item III, alíneas a e d , dêste artigo,  serão indicadas pelo Supremo Tribunal Federal no regimento interno, que  atenderá à sua natureza, espécie ou valor pecuniário. 

Art. 120. O Supremo Tribunal Federal funcionará em plenário ou dividido em  turmas. 

Parágrafo único. O regimento interno estabelecerá: 

a) a competência do plenário, além dos casos previstos nas alíneas a ,  b , c , d , i , j e l , do item I do artigo 119, que lhe são privativos; b) a composição e a competência das turmas; 

c) o processo e o julgamento dos feitos de sua competência originária  ou de recurso; e 

d) a competência de seu Presidente para conceder exequatur a cartas  rogatórias de tribunais estrangeiros. 

SEÇÃO III 

Dos Tribunais Federais de Recursos 

Art. 121. O Tribunal Federal de Recursos compõe-se de treze Ministros  vitalícios nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha  pelo Senado Federal, sendo oito entre magistrados e cinco entre advogados e  membros do Ministério Público, que satisfaçam os requisitos do parágrafo único  do artigo 118. 

§ 1º Lei complementar poderá criar Tribunais Federais de Recursos, um no  Estado de Pernambuco, um no de São Paulo, fixando-lhes a jurisdição e o  número de Ministros, cuja escolha se fará na forma dêste artigo, bem como  poderá dispor sôbre a divisão do atual e dos novos em câmaras de competência 

privativa, e manter ou reduzir o número de seus juízes. 

§ 2º É privativo do Tribunal Federal de Recursos, com sede na Capital da União,  o julgamento de mandato de segurança contra ato de Ministro de Estado. 

§ 3º Os Tribunais Federais de Recursos funcionarão em plenário, câmaras ou  turmas. 

Art. 122. Compete aos Tribunais Federais de Recursos: 

I – processar e julgar originàriamente: 

a) as revisões criminais e as ações rescisórias de seu julgados; os juízes federais, os juízes do trabalho e os membros dos tribunais  

regionais do trabalho, os membros dos Tribunais de Contas dos  b) 

Estados e os do Distrito Federal, nos crimes comuns e de  responsabilidade; 

os mandados de segurança contra ato de Ministro de Estado, do  c) 

Presidente do próprio Tribunal ou de suas câmaras ou turmas, do  responsável pela direção geral da polícia federal ou de juiz federal; os habeas corpus , quando a autoridade coatora fôr Ministro de  d) 

Estado ou a responsável pela direção geral da polícia federal ou juiz  federal; e 

os conflitos de jurisdição entre juízes federais subordinados ao  mesmo tribunal ou entre suas câmaras ou turmas; entre juízes  federais de vária categoria; entre juízes federais subordinados a  e) 

tribunais diferentes; entre juízes de Estados diversos; entre juízes de  Estados e do Distrito Federal ou dos Territórios; entre juízes do  Distrito Federal e dos Territórios; e os conflitos entre juízes de um  Território e os de outro; e 

II – julgar, em graus de recurso, as causas decididas pelos juízes federais. 

Parágrafo único. A lei poderá estabelecer a competência originária dos  Tribunais Federais de Recursos para a anulação de atos administrativos de  natureza tributária. 

SEÇÃO IV 

Dos Juízes Federais 

Art. 123. Os juízes federais serão nomeados pelo Presidente da República,  dentre os juízes federais substitutos, alternadamente, por antiguidade e por  escolha em lista tríplice de merecimento, organizada pelo Tribunal Federal de  Recursos com jurisdição na circunscrição judiciária onde houver ocorrido a  vaga. 

Parágrafo único. O provimento do cargo de juiz federal substituto far-se-á  mediante concurso público de provas e títulos organizado pelo Tribunal Federal de Recursos, conforme a respectiva jurisdição, devendo os candidatos satisfazer  os requisitos de idoneidade moral e de idade maior de vinte e cinco anos.

Art. 124. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituíra uma Seção  Judiciária, que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o  estabelecido em lei. 

Parágrafo único. Nos Territórios do Amapá, Roraima e Rondônia, a jurisdição e  as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local,  na forma que a lei dispuser. O Território de Fernando de Noronha compreender se-á na Seção Judiciária do Estado de Pernambuco. 

Art. 125. Aos juízes federais compete processar e julgar, em primeira instância: 

I – as causas em que a União, entidade autárquica ou emprêsa pública federal  forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto  as de falência e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Militar; 

II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e municípios  ou pessoa domiciliada ou residente no Brasil; 

III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro  ou organismo internacional; 

IV – os crimes políticos e os praticados em detrimento de bens, serviços ou  interêsse da União ou de suas entidades autárquicas ou emprêsas públicas,  ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional e os cometidos a  bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; VI – os crimes contra a organização do trabalho ou decorrentes de greve; VII – os habeas corpus em matéria criminal de sua competência ou quando o  constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente  sujeitos a outra jurisdição; 

VIII – os mandados de segurança contra ato de autoridade federal, executados os  casos de competência dos tribunais federais; 

IX – as questões de direito marítimo e de navegação, inclusive a aérea; e X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução  de carta rogatória, após o exequatur, e de setença estrangeira, após a  homologação; as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção,  e à naturalização. 

§ 1º As causas em que a União fôr autora serão aforadas na Capital do Estado ou  Território onde tiver domicílio a outra parte; as intentadas contra a União  poderão ser aforadas na Capital do Estado ou Território em que fôr domiciliado  o autor; e na Capital do Estado onde houver ocorrido o ato ou fato que deu  origem à demanda ou onde esteja situada a coisa ou ainda no Distrito Federal. 

§ 2º As causas propostas perante outros juízes, se a União nelas intervier, como  assistente ou opoente, passarão a ser da competência do juiz federal respectivo. 

§ 3º Processar-se-ão e julgar-se-ão na justiça estadual, no fôro do domicílio dos  segurados ou beneficiários as causas em que fôr parte instituição de previdência  social e cujo objeto fôr benefício de natureza pecuniária, sempre que a comarca  não seja sede de vara do juízo federal. O recurso, que no caso couber, deverá ser  

interposto para o Tribunal Federal de Recursos.

§ 4º Nos portos e aeroportos onde não existir vara da justiça federal, serão  processadas perante a justiça estadual as ratificações de protestos formados a  bordo de navio ou aeronave. 

Art. 126. A lei poderá permitir que a ação fiscal e outras sejam promovidas no  fôro de Estado ou Território e atribuir ao Ministério Público respectivo a  representação judicial da União. 

SEÇÃO V 

Dos Tribunais e Juízes Militares 

Art. 127. São órgãos da Justiça Militar o Superior Tribunal Militar e os  Tribunais e juízes inferiores instituídos por lei. 

Art. 128. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros  vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha  pelo Senado Federal, sendo três entre oficiais-generais da ativa da Marinha,  quatro entre oficiais-generais da ativa do Exército, três entre oficiais-generais da  ativa da Aeronáutica e cinco entre civis. 

§ 1º Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre  cidadãos maiores de trinta e cinco anos, sendo: 

a) três de notório saber jurídico e idoneidade moral, com prática  forense de mais de dez anos; e 

b) dois auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar,  de comprovado saber jurídico. 

§ 2º Os juízes militares e togados do Superior Tribunal Militar terão  vencimentos iguais aos dos Ministros dos Tribunais Federais de Recursos. 

§ 3º Excepcionalmente, oficial-general da reserva de primeira classe poderá ser  nomeado Ministro do Superior Tribunal Militar. 

Art. 129. À Justiça Militar compete processar e julgar, nos crimes militares  definidos em lei, os militares e as pessoas que lhes são assemelhadas. 

§ 1º Êsse fôro especial estender-se-á aos civis, nos casos expressos em lei, para  repressão de crimes contra a segurança nacional ou as instituições militares. 

§ 2º Compete originàriamente ao Superior Tribunal Militar processar e julgar os  Governadores de Estado e seus Secretários, nos crimes de que trata o § 1º. 

§ 3º A lei regulará a aplicação das penas da legislação militar. 

SEÇÃO VI 

Dos Tribunais e Juízes Eleitorais

Art. 130. Os órgãos da Justiça Eleitoral são os seguintes: 

I – Tribunal Superior Eleitoral; 

II – Tribunais Regionais Eleitorais; 

III – Juízes Eleitorais; 

IV – Juntas Eleitorais. 

Parágrafo único. Os juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado,  servirão obrigatòriamente por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois  biênios consecutivos; os substitutos serão escolhidos na mesma ocasião e pelo  mesmo processo, em número igual para cada categoria. 

Art. 131. O Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da União, compor se-á: 

I – mediante eleição, pelo voto secreto: 

a) de três juízes, entre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; e b) de dois juízes entre os membros do Tribunal Federal de Recursos  da Capital da União; 

II – por nomeação do Presidente da República, de dois entre seis advogados de  notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal  Federal. 

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e seu  Vice-Presidente entre os três Ministros do Supremo Tribunal Federal. 

Art. 132. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no  Distrito Federal. 

Art. 133. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: 

I – mediante eleição, pelo voto secreto: 

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; e b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de  Justiça; 

II – de juiz federal e, havendo mais de um, do que fôr escolhido pelo Tribunal  Federal de Recursos; e 

III – por nomeação do Presidente da República, de dois dentre seis cidadãos de  notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 

§ 1º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá Presidente um dos dois  desembargadores do Tribunal de Justiça, cabendo ao outro a Vice-Presidência. 

§ 2º O número dos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais é irredutível, mas  poderá ser elevado, por lei, mediante proposta do Tribunal Superior Eleitoral. 

Art. 134. A lei disporá sôbre a organização das juntas eleitorais, que serão 

presididas por juiz de direito e cujos membros serão aprovados pelo Tribunal  Regional Eleitoral e nomeados pelo seu Presidente. 

Art. 135. Os juízes de direito exercerão as funções de juízes eleitorais, com  jurisdição plena e na forma da lei. 

Parágrafo único. A lei poderá outorgar a outros juízes competência para funções  não decisórias. 

Art. 136. Os juízes e membros dos tribunais e juntas eleitorais, no exercício de  suas funções, e no que lhes fôr aplicável gozarão de plenas garantias e serão  inamovíveis. 

Art. 137. A lei estabelecerá a competência dos juízes e Tribunais Eleitorais,  incluindo entre as suas atribuições: 

I – o registro e a cassação de registro dos partidos políticos, assim como a  fiscalização das suas finanças; 

II – a divisão eleitoral do País; 

III – o alistamento eleitoral; 

IV – a fixação das datas das eleições, quando não determinadas por disposição  constitucional ou legal; 

V – o processamento e apuração das eleições e a expedição dos diplomas; VI – a decisão das argüições de inelegibilidade; 

VII – o processo e julgamento dos crimes eleitorais e os que lhes são conexos,  bem como os de habeas corpus e mandado de segurança em matéria eleitoral; VIII – o julgamento de reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos  partidos políticos; e 

IX – a decretação da perda de mandato de senadores, deputados e vereadores nos  casos do parágrafo único do artigo 152. 

Art. 138. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais sòmente caberá  recurso para o Tribunal Superior Eleitoral, quando: 

I – forem proferidos contra expressa disposição de lei; 

II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais  eleitorais; 

III – versarem sôbre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições  federais e estaduais; ou 

IV – denegarem habeas corpus ou mandato de segurança. 

Art. 139. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as  que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus , das  quais caberá recurso para o Supremo Tribunal Federal. 

Art. 140. Os Territórios Federais do Amapá, Roraima, Rondônia e Fernando de  Noronha ficam sob a jurisdição, respectivamente, dos Tribunais Regionais  Eleitorais do Pará, Amazonas, Acre e Pernambuco.

SEÇÃO VII 

Dos Tribunais e Juízos do Trabalho 

Art. 141. Os órgãos da Justiça do Trabalho são os seguintes: 

I – Tribunal Superior do Trabalho; 

II – Tribunais Regionais do Trabalho; 

III – Juntas de Conciliação e Julgamento. 

§ 1º O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de dezessete juízes com a  denominação de ministros, sendo: 

onze togados e vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,  depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal; sete entre  

magistrados da Justiça do Trabalho; dois entre advogados no  a) 

efetivo exercício da profissão; e dois entre membros do Ministério  Público da Justiça do Trabalho, que satisfaçam os requisitos do  parágrafo único do artigo 118; e 

seis classistas e temporários, em representação paritária dos  empregados e dos trabalhadores, nomeados pelo Presidente da  b) 

República, de conformidade com o que a lei dispuser e vedada a  recondução por mais de dois períodos. 

§ 2º A lei fixará o número dos Tribunais Regionais do Trabalho e respectivas  sedes e instituirá as Juntas de Conciliação e Julgamento, podendo, nas comarcas  onde não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito. 

§ 3º Poderão ser criados por lei outros órgãos da Justiça do Trabalho. 

§ 4º A lei, observado o disposto no § 1º, disporá sôbre a constituição,  investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos  órgãos da Justiça do Trabalho, assegurada a paridade de representação de  empregadores e trabalhadores. 

§ 5º Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de dois terços de  juízes togados vitalícios e um têrço de juízes classistas temporários, assegurada,  entre os juízes togados, a participação de advogados e membros do Ministério  Público da Justiça do Trabalho, nas proporções estabelecidas na alínea a do §  1º. 

Art. 142. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios  individuais e coletivos entre empregados e empregadores e, mediante lei, outras  controvérsias oriundas de relação de trabalho. 

§ 1º A lei especificará as hipóteses em que as decisões, nos dissídios coletivos,  poderão estabelecer normas e condições de trabalho. 

§ 2º Os litígios relativos a acidentes do trabalho são da competência da justiça  ordinária dos Estados, do Distrito Federal ou dos Territórios.

Art. 143. As decisões do Tribunal Superior do Trabalho serão irrecorríveis,  salvo se contrariarem esta Constituição, caso em que caberá recurso para o  Supremo Tribunal Federal. 

SEÇÃO VIII 

Dos Tribunais e Juízes Estaduais 

Art. 144. Os Estados organizarão a sua justiça, observados os artigos 113 a 117  desta Constituição e os dispositivos seguintes: 

I – o ingresso na magistratura de carreira dar-se-á mediante concurso público de  provas e títulos, realizado pelo Tribunal de Justiça, com participação do  Conselho Secional da Ordem dos Advogados do Brasil; a indicação dos  candidatos far-se-á, sempre que possível, em lista tríplice; 

II – a promoção de juízes far-se-á de entrância a entrância, por antiguidade e por  merecimento alternadamente, observado o seguinte: 

a) apurar-se-á na entrância a antiguidade e o merecimento, êste em  lista tríplice; 

no caso de antiguidade, o Tribunal sòmente poderá recusar o juiz  

b) 

mais antigo pelo voto da maioria absoluta de seus membros,  repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; 

sòmente após três anos de exercício na respectiva entrância poderá  c) 

o juiz ser promovido, salvo se não houver, com tal requisito, quem  aceite o lugar vago; 

III – o acesso aos Tribunais de segunda instância dar-se-á por antiguidade e por  merecimento, alternadamente. A antiguidade apurar-se-á na última entrância,  quando se tratar de promoção para o Tribunal de Justiça. Neste caso, o Tribunal  de Justiça sòmente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto da maioria dos  desembargadores, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação. No caso de  merecimento, a lista tríplice compor-se-á de nomes escolhidos dentre os juízes  de qualquer entrância; 

IV – na composição de qualquer Tribunal um quinto dos lugares será preenchido  por advogados, em efetivo exercício da profissão, e membros do Ministério  Público, todos de notório merecimento e idoneidade moral, com dez anos, pelo  menos, de prática forense. Os lugares reservados a membros do Ministério  Público ou advogados serão preenchidos, respectivamente, por advogados ou  membro do Ministério Público, indicados em lista tríplice. 

§ 1º A lei poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça: 

a) tribunais inferiores de segunda instância, com alçada em causas de  valor limitado ou de espécies ou de umas e outras; 

juízes togados com investidura limitada no tempo, os quais terão  

b) 

competência para julgamento de causas de pequeno valor e poderão  substituir juízes vitalícios; 

c) justiça de paz temporária, competente para habilitação e celebração  de casamentos e outros atos previstos em lei e com atribuição 

judiciária de substituição, exceto para julgamentos finais ou  irrecorríveis; 

justiça militar estadual de primeira instância constituída pelos  d) 

Conselhos de Justiça, que terão como órgãos de segunda instância o  próprio Tribunal de Justiça. 

§ 2º Em caso de mudança da sede do juízo, será facultado ao juiz remover-se  para ela ou para comarca de igual entrância ou obter a disponibilidade com  vencimentos integrais. 

§ 3º Compete privativamente ao Tribunal de Justiça processar e julgar os  membros do Tribunal de Alçada e os juízes de inferior instância, nos crimes  comuns e nos de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça  Eleitoral. 

§ 4º Os vencimentos dos juízes vitalícios serão fixados com diferença não  excedente a vinte por cento de uma para outra entrância, atribuindo-se aos de  entrância mais elevada não menos de dois terços dos vencimentos dos  desembargadores e não podendo nenhum membro da justiça estadual perceber  mensalmente importância total superior ao limite máximo estabelecido em lei  federal. 

§ 5º Cabe ao Tribunal de Justiça dispor, em resolução, pela maioria absoluta de  seus membros, sôbre a divisão e a organização judiciárias, cuja alteração  sòmente poderá ser feita de cinco em cinco anos. 

§ 6º Dependerá de proposta do Tribunal de Justiça a alteração do número de  seus membros ou dos membros dos tribunais inferiores de segunda instância. 

TÍTULO II 

DA DECLARAÇÃO DE DIREITOS 

CAPÍTULO I 

DA NACIONALIDADE 

Art. 145. São brasileiros: 

I – natos: 

a) os nascidos em território, embora de pais estrangeiros, desde que  êstes não estejam a serviço de seu país; 

b) os nascidos fora do território nacional, de pai brasileiro ou mãe  brasileira, desde que qualquer dêles esteja a serviço do Brasil; e os nascidos o estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,  embora não estejam êstes a serviço do Brasil, desde que registrados  

em repartição brasileira competente no exterior ou, não registrados,  c) 

venham a residir no território nacional antes de atingir a  maioridade; neste caso, alcançada esta, deverão, dentro de quatro  anos, optar pela nacionalidade brasileira.

II – naturalizados: 

a) os que adquiriram a nacionalidade brasileira, nos têrmos do artigo  69, itens IV e V, da Constituição de 24 de fevereiro de 1891; pela forma que a lei estabelecer: 

1 – os nascidos no estrangeiro, que hajam sido admitidos no Brasil  durante os primeiros cinco anos de vida, estabelecidos  

definitivamente no território nacional. Para preservar a  

nacionalidade brasileira, deverão manifestar-se por ela,  

inequivocamente, até dois anos após atingir a maioridade; 

b) 

2 – os nascidos no estrangeiro que, vindo residir no País antes de  atingida a maioridade, façam curso superior em estabelecimento  nacional e requeiram a nacionalidade até um ano depois da  formatura; 

3 – os que, por outro modo, adquirirem a nacionalidade brasileira,  exigidas aos portuguêses apenas residência por um ano  ininterrupto, idoneidade moral e sanidade física. 

Parágrafo único. São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e  Vice-Presidente da República, Ministro de Estado, Ministro do Supremo  Tribunal Federal, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral,  do Tribunal Superior do Trabalho, do Tribunal Federal de Recursos, do Tribunal  de Contas da União, Procurador-Geral da República, Senador, Deputado  Federal, Governador do Distrito Federal, Governador e Vice-Governador de  Estado e de Território e seus substitutos, os de Embaixador e os das carreiras de  Diplomata, de Oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. 

Art. 146. Perderá a nacionalidade o brasileiro que: 

I – por naturalização voluntária, adquirir outra nacionalidade; 

II – sem licença do Presidente da República, aceitar comissão, emprêgo ou  pensão de govêrno estrangeiro; ou 

III – em virtude de sentença judicial, tiver cancelada a naturalização por exercer  atividade contrária ao interêsse nacional. 

Parágrafo único. Será anulada por decreto do Presidente da República a  aquisição de nacionalidade obtida em fraude contra a lei. 

CAPÍTULO II 

DOS DIREITOS POLÍTICOS 

Art. 147. São eleitores os brasileiros maiores de dezoito anos, alistados na forma  da lei. 

§ 1º O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de ambos os  sexos, salvo as exceções previstas em lei. 

§ 2º Os militares serão alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais,  guardas-marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas 

militares de ensino superior para formação de oficiais. 

§ 3º Não poderão alistar-se eleitores: 

a) os analfabetos; 

b) os que não saibam exprimir-se na língua nacional; e 

c) os que estiverem privados, temporária ou definitivamente, dos  direitos políticos. 

Art. 148. O sufrágio é universal e o voto é direto e secreto, salvo nos casos  previstos nesta Constituição; os partidos políticos terão representação  proporcional, total ou parcial, na forma que a lei estabelecer. 

Art. 149. Assegurada ao paciente ampla defesa, poderá ser declarada a perda ou  a suspensão dos seus direitos políticos. 

§ 1º O Presidente da República decretará a perda dos direitos políticos: 

a) nos casos dos itens I, II e parágrafo único do artigo 146; pela recusa, baseada em convicção religiosa, filosófica ou política,  

b) 

à prestação de encargo ou serviço impostos aos brasileiros em  geral; ou 

pela aceitação de condecoração ou título nobiliário estrangeiros que  c) 

importem restrição de direito de cidadania ou dever para com o  Estado brasileiro. 

§ 2º A perda ou a suspensão dos direitos políticos dar-se-á por decisão judicial: 

a) no caso do item III do artigo 146; 

b) por incapacidade civil absoluta, ou 

c) por motivo de condenação criminal, enquanto durarem seus efeitos. 

§ 3º Lei complementar disporá sôbre a especificação dos direitos políticos, o  gôzo, o exercício a perda ou suspensão de todos ou de qualquer dêles e os casos  e as condições de sua reaquisição. 

Art. 150. São inelegíveis os inalistáveis. 

§ 1º Os militares alistáveis são elegíveis, atendidas as seguintes condições: 

a) o militar que tiver menos de cinco anos de serviço será, ao  candidatar-se a cargo eletivo, excluído do serviço ativo; 

o militar em atividade, com cinco ou mais anos de serviço, ao  

b) 

candidatar-se a cargo eletivo será afastado, temporariàmente, do  serviço ativo e agregado para tratar de interêsse particular; e 

c) o militar não excluído, se eleito, será, no ato da diplomação,  transferido para a inatividade, nos têrmos da lei. 

§ 2º A elegibilidade, a que se referem as alíneas a e b do parágrafo anterior, não  depende, para o militar da ativa, de filiação político-partidária que seja ou venha 

a ser exigida por lei. 

Art. 151. Lei complementar estabelecerá os casos de inelegibilidade e os prazos  dentro dos quais cessará esta, visando a preservar: 

I – o regime democrático; 

II – a probidade administrativa; 

III – a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência ou o abuso do  exercício de função, cargo ou emprêgo públicos da administração direta ou  indireta, ou do poder econômico; e. 

IV – a moralidade para o exercício do mandato, levada em consideração a vida  pregressa do candidato. 

Parágrafo único. Observar-se-ão as seguintes normas, desde já em vigor, na  elaboração da lei complementar: 

a irreelegibilidade de quem haja exercido cargo de Presidente e de  

Vice-Presidente da República, de Governador e de Vice a) 

Governador, de Prefeito e de Vice-Prefeito, por qualquer tempo, no  período imediatamente anterior; 

a inelegibilidade de quem, dentro dos seis meses anteriores ao  b) 

pleito, haja sucedido ao titular ou o tenha substituído em qualquer  dos cargos indicados na alínea a

a inelegibilidade do titular efetivo ou interino de cargo ou função  cujo exercício possa influir para perturbar a normalidade ou tornar  duvidosa a legitimidade das eleições, salvo se se afastar  c) 

definitivamente de um ou de outra no prazo marcado pela lei, o  qual não será maior de seis nem menor de dois meses anteriores ao  pleito; 

a inelegibilidade, no território de jurisdição do titular, do cônjuge e  dos parentes consangüíneos ou afins, até o terceiro grau ou por  d) 

adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou  de Território, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos  seis meses anteriores ao pleito; e 

a obrigatoriedade de domicílio eleitoral no Estado ou no município  e) 

por prazo entre um e dois anos, fixado conforme a natureza do  mandato ou função. 

CAPÍTULO III 

DOS PARTIDOS POLÍTICOS 

Art. 152. A organização, o funcionamento e a extinção dos partidos políticos  serão regulados em lei federal, observados os seguintes princípios: 

I – regime representativo e democrático, baseado na pluralidade de partidos e na  garantia dos direitos fundamentais do homem; 

II – personalidade jurídica, mediante registro dos estatutos; 

III – atuação permanente, dentro de programa aprovado pelo Tribunal Superior  Eleitoral, e sem vinculação, de qualquer natureza, com a ação de governos,  entidades ou partidos estrangeiros;

IV – fiscalização financeira; 

V – disciplina partidária; 

VI – âmbito nacional, sem prejuízo das funções deliberativas dos diretórios  locais; 

VII – exigência de cinco por cento do eleitorado que haja votado na última  eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos, pelo menos, em sete  Estados, com o mínimo de sete por cento em cada um dêles; e VIII – proibição de coligações partidárias. 

Parágrafo único. Perderá o mandato no Senado Federal, na Câmara dos  Deputados, nas Assembléias Legislativas e nas Câmara Municipais quem, por  atitudes ou pelo voto, se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos  órgãos de direção partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito. A  perda do mandato será decretada pela Justiça Eleitoral, mediante representação  do partido, assegurado o direito de ampla defesa. 

CAPÍTULO IV 

DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS 

Art. 153. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes  no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à  segurança e à propriedade, nos têrmos seguintes: 

§ 1º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo  religioso e convicções políticas. Será punido pela lei o preconceito de raça. 

§ 2º Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em  virtude de lei. 

§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa  julgada. 

§ 4º A lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão  de direito individual. 

§ 5º É plena a liberdade de consciência e fica assegurado aos crentes o exercício  dos cultos religiosos, que não contrariem a ordem pública e os bons costumes. 

§ 6º Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,  ninguém será privado de qualquer dos seus direitos, salvo se o invocar para  eximir-se de obrigação legal a todos imposta, caso em a lei poderá determinar a  perda dos direitos incompatíveis com escusa de consciência. 

§ 7º Sem caráter de obrigatoriedade, será prestada por brasileiros, no têrmos da  lei, assistência religiosa às fôrças armadas e auxiliares, e, nos estabelecimentos  de internação coletiva, ao interessados que solicitarem, diretamente ou por  intermédio de seus representantes legais. 

§ 8º É livre a manifestação de pensamento, de convicção política ou filosófica, 

bem como a prestação de informação independentemente de censura, salvo  quanto a diversões e espetáculos públicos, respondendo cada um, nos têrmos da  lei, pelos abusos que cometer. É assegurado o direito de resposta. A publicação  de livros, jornais e periódicos não depende de licença da autoridade. Não serão,  porém, toleradas a propaganda de guerra, de subversão da ordem ou de  preconceitos de religião, de raça ou de classe, e as publicações e exteriorizações  contrárias à moral e aos bons costumes. 

§ 9º É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e  telefônicas. 

§ 10. A casa é o asilo inviolável do indivíduo; ninguém pode penetrar nela, à  noite, sem consentimento do morador, a não ser em caso de crime ou desastre,  nem durante o dia, fora dos casos e na forma que a lei estabelecer. 

§ 11. Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco,  salvo nos casos de guerra externa, psicológica adversa, ou revolucionária ou  subversiva, no têrmos que a lei determinar. Esta disporá, também, sobre o  perdimento de bens por danos causados ao erário, ou no caso de enriquecimento  ilícito no exercício do cargo, função ou emprêgo na Administração Pública,  direta ou indireta. 

§ 12. Ninguém será prêso senão em flagrante delito ou por ordem escrita de  autoridade competente. A lei disporá sôbre a prestação de fiança. A prisão ou  detenção de qualquer pessoa será imediatamente comunicada ao juiz  competente, que a relaxará, se não fôr legal. 

§ 13. Nenhuma pena passará da pessoa do delinqüente. A lei regulará a  individualização da pena. 

§ 14. Impõe-se a tôdas as autoridades o respeito à integridade física e moral do  detento e do presidiário. 

§ 15. A lei assegurará ao acusados ampla defesa, com os recursos a ela inerentes.  Não haverá fôro privilegiado nem tribunais de exceção. 

§ 16. A instrução criminal será contraditória, observada a lei anterior, no relativo  ao crime e à pena, salvo quando agravar a situação do réu. 

§ 17. Não haverá prisão civil por dívida, multa ou custas, salvo o caso do  depositário infiel ou do responsável pelo inadimplemento de obrigação  alimentar, na forma da lei. 

§ 18. É mantida a instituição do júri, que terá competência no julgamento dos  crimes dolosos contra a vida. 

§ 19. Não será concedida a extradição do estrangeiro por crime político ou de  opinião, nem, em caso algum, a de brasileiro. 

§ 20. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado 

de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou  abuso de poder. Nas transgressões disciplinares não caberá habea corpus . § 21. Conceder-se-á mandato de segurança para proteger direito líquido e certo  não amparado por habeas corpus , seja qual fôr a autoridade responsável pela  ilegalidade ou abuso de poder. 

§ 22. É assegurado o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por  necessidade ou utilidade pública ou interêsse social, mediante prévia e justa  indenização em dinheiro, ressalvado o disposto no artigo 161, facultando-se ao  expropriado aceitar o pagamento em título de dívida pública, com cláusula de  exata correção monetária. Em caso de perigo público iminente, as autoridades  competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao proprietário  indenização ulterior. 

§ 23. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, observadas as  condições de capacidade que a lei estabelecer. 

§ 24. À lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário  para sua utilização, bem como a propriedade das marcas de indústria e comércio  e a exclusividade do nome comercial. 

§ 25. Aos autores de obras literárias, artísticas e científicas pertence o direito  exclusivo de utilizá-las. Êsse direito é transmissível por herança, pelo tempo que  a lei fixar. 

§ 26. Em tempo de paz, qualquer pessoa poderá entrar com seus bens no  território nacional, nêle permanecer ou dêle sair, respeitados os preceitos da lei. 

§ 27. Todos podem reunir-se sem armas, não intervindo a autoridade senão para  manter a ordem. A lei poderá determinar os casos em que será necessária a  comunicação prévia à autoridade, bem como a designação, por esta, do local da  reunião. 

§ 28. É assegurada a liberdade de associação para os fins lícitos. Nenhuma  associação poderá ser dissolvida, senão em virtude de decisão judicial. 

§ 29. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça,  nem cobrado, em cada exercício, sem que a lei o houver instituído ou aumentado  esteja em vigor antes do início do exercício financeiro, ressalvados a tarifa  alfandegária e a de transporte, o impôsto sôbre produtos industrializados e o  imposto lançado por motivo de guerra e demais casos previstos nesta  Constituição. 

§ 30. É assegurado a qualquer pessoa o direito de representação e de petição aos  Podêres Públicos, em defesa de direito ou contra abusos de autoridade. 

§ 31. Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise a  anular atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas. 

§ 32. Será concedida assistência jurídica aos necessitados, na forma da lei.

§ 33. A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei  brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que lhes  não seja mais favorável a lei pessoal do de cujus

§ 34. A lei disporá sôbre a aquisição da propriedade rural por brasileiro e  estrangeiro residente no País, assim com por pessoa natural ou jurídica,  estabelecendo condições, restrições, limitações e demais exigências, para a  defesa da integridade do território, a segurança do Estado e justa distribuição da  propriedade. 

§ 35. A lei assegurará a expedição de certidões requeridas às repartições administrativas para defesa de direitos e esclarecimento de situações. 

§ 36. A especificação dos direitos e garantias expressos nesta Constituição não  exclui outros direitos e garantias decorrentes do regime e dos princípios que ela  adota. 

Art. 154. O abuso de direito individual ou político, com o propósito de  subversão do regime democrático ou de corrupção, importará a suspensão  daqueles direitos de dois a dez anos, a qual será declarada pelo Supremo  Tribunal Federal, mediante representação do Procurador Geral da República,  sem prejuízo da ação cível ou penal que couber, assegurada ao paciente ampla  defesa. 

Parágrafo único. Quando se tratar de titular de mandato eletivo, o processo não  dependerá de licença da Câmara a que pertencer. 

CAPÍTULO V 

DO ESTADO DE SÍTIO 

Art. 155. O Presidente da República poderá decretar o estado de sítio nos casos  de: 

I – grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção; 

II – guerra. 

§ 1º O decreto de estado de sítio especificará as regiões que essa providência  abrangerá, bem como as normas que serão observadas, e nomeará as pessoas  incumbidas de sua execução. 

§ 2º O estado de sítio autoriza as seguintes medidas coercitivas: 

a) obrigação de residência em localidade determinada; 

b) detenção em edifícios não destinados aos réus de crimes comuns; c) busca e apreensão em domicílio; 

d) suspensão da liberdade de reunião e de associação; 

e) censura da correspondência, da imprensa, das telecomunicações e  diversões públicas; e

uso ou ocupação temporária de bens das autarquias, emprêsa  públicas, sociedades de economia mista ou concessionárias de  f) 

serviços públicos, assim como a suspensão do exercício de cargo,  função ou emprêgo nas mesmas entidades. 

§ 3º A fim de preservar a integridade e a independência do País, o livre o  funcionamento dos Podêres e a prática das instituições, quando gravemente  ameaçados por fatôres de subversão ou corrupção, o Presidente da República,  ouvido o Conselho de Segurança Nacional, poderá tomar outras medidas  estabelecidas em lei. 

Art. 156. A duração do estado de sítio, salvo em caso de guerra, não será  superior a 180 dias, podendo ser prorrogada, se persistirem as razões que o  determinarem. 

§ 1º O decreto de estado de sítio ou de sua prorrogação será submetido, dentro  de cinco dias, com respectiva justificação, pelo Presidente da República ao  Congresso Nacional. 

§ 2º Se o Congresso Nacional não estiver reunido, será convocado  imediatamente pelo seu Presidente. 

Art. 157. Durante a vigência do estado de sítio e sem prejuízo das medidas  previstas no artigo 154, também o Congresso Nacional, mediante lei, poderá  determinar a suspensão de garantias constitucionais. 

Parágrafo único. As imunidades dos deputados federais e senadores poderão ser  suspensas durante o estado de sítio por deliberação da Casa a que êles  pertencerem. 

Art. 158. Findo o estado de sítio, cessarão os seus efeitos e o Presidente da  República, dentro de trinta dias, enviará mensagem ao Congresso Nacional com  a Justificação das providências adotadas. 

Art. 159. A inobservância de qualquer das prescrições relativas ao estado de  sítio tornará ilegal a coação e permitirá ao paciente recorrer ao Poder Judiciário. 

TÍTULO III 

DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL 

Art. 160. A ordem econômica e social tem por fim realizar o desenvolvimento  nacional e a justiça social, com base nos seguintes princípios: 

I – liberdade de iniciativa; 

II – valorização do trabalho como condição da dignidade humana; III – função social da propriedade; 

IV – harmonia e solidariedade entre as categorias sociais de produção; V – repressão ao abuso do poder econômico, caracterizado pelo domínio dos  mercados, a eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros; e

VI – expansão das oportunidades de emprêgo produtivo. 

Art. 161. A União poderá promover a desapropriação da propriedade territorial  rural, mediante pagamento de justa indenização, fixada segundo os critérios que  a lei estabelecer, em títulos especiais da dívida pública, com cláusula de exata  correção monetária, resgatáveis no prazo de vinte anos, em parcelas anuais  sucessivas, assegurada a sua aceitação, a qualquer tempo, como meio de  pagamento até cinqüenta por cento do impôsto territorial rural e como  pagamento do preço de terras públicas. 

§ 1º A lei disporá sôbre volume anual ou periódico das emissões dos títulos, suas  características, taxas dos juros, prazo e condições do resgate. 

§ 2º A desapropriação de que trata êste artigo é da competência exclusiva da  União e limitar-se-á às áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto  do Poder Executivo, só recaindo sôbre propriedades rurais cuja forma de  exploração contrarie o acima disposto, conforme fôr estabelecido em lei. 

§ 3º A indenização em títulos sòmente será feita quando se tratar de latifúndio,  como tal conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que  serão sempre pagas em dinheiro. 

§ 4º O Presidente da República poderá delegar as atribuições para a  desapropriação de imóveis rurais por interêsse social, sendo-lhe privativa a  declaração de zonas prioritárias. 

§ 5º Os proprietários ficarão isentos dos impostos federais, estaduais e  municipais que incidam sôbre a transferência da propriedade sujeita a  desapropriação na forma dêste artigo. 

Art. 162. Não será permitida greve nos serviços públicos e atividades essenciais,  definidas em lei. 

Art. 163. São facultados a intervenção no domínio econômico e o monopólio de  determinada indústria ou atividade, mediante lei federal, quando indispensável por motivo de segurança nacional ou para organizar setor que não possa ser  desenvolvido com eficácia no regime de competição e de liberdade de iniciativa,  assegurados os direitos e garantias individuais. 

Parágrafo único. Para atender a intervenção de que trata êste artigo, a União  poderá instituir contribuições destinadas ao custeio dos respectivos serviços e  encargos, na forma que a lei estabelecer. 

Art. 164. A União, mediante lei complementar, poderá para a realização de  serviços comuns, estabelecer regiões metropolitanas, constituídas por  municípios que, independentemente de sua vinculação administrativa, façam  parte da mesma comunidade sócio-econômica. 

Art. 165. A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além  de outros que, nos têrmos da lei, visem à melhoria de sua condição social:

I – salário-mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as  suas necessidades normais e as de sua família; 

II – salário-família aos seus dependentes; 

III – proibição de diferença de salários e de critérios de admissões por motivo de  sexo, côr e estado civil; 

IV – salário de trabalho noturno superior ao diurno; 

V – integração na vida e no desenvolvimento da emprêsa, com participação nos  lucros e, excepcionalmente, na gestão, segundo fôr estabelecido em lei; VI – duração diária do trabalho não excedente a oito horas, com intervalo para  descanso, salvo casos especialmente previstos; 

VII – repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos, de acôrdo  com a tradição local; 

VIII – férias anuais remuneradas; 

IX – higiene e segurança no trabalho; 

X – proibição de trabalho, em indústrias insalubres, a mulheres e menores de  dezoito anos, de trabalho noturno a menores de dezoito anos e de qualquer  trabalho a menores de doze anos; 

XI – descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do  emprêgo e do salário; 

XII – fixação das porcentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos  dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos comerciais e  industriais; 

XIII – estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de  garantia equivalente; 

XIV – reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; 

XV – assistência sanitária, hospitalar e médica preventiva; 

XVI – previdência social nos casos de doença, velhice, invalidez e morte,  seguro-desemprêgo, seguro contra acidentes do trabalho e proteção da  maternidade, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado; XVII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico ou intelectual ou  entre os profissionais respectivos; 

XVIII – colônias de férias e clínicas de repouso, recuperação e convalescença,  mantidas pela União, conforme dispuser a lei; 

XIX – aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário  integral; e 

XX – greve, salvo o disposto no artigo 162. 

Parágrafo único. Nenhuma prestação de serviço de assistência ou de benefício  compreendidos na previdência social será criada, majorada ou estendida, sem a  correspondente fonte de custeio total. 

Art. 166. É livre a associação profissional ou sindical; a sua constituição, a  representação legal nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de  funções delegadas de poder público serão regulados em lei. 

§ 1º Entre as funções delegadas a que se refere êste artigo, compreende-se a de  arrecadar, na forma da lei, contribuições para custeio da atividade dos órgãos  sindicais e profissionais e para a execução de programas de interêsse das  categorias por êles representadas.

§ 2º É obrigatório o voto nas eleições sindicais. 

Art. 167. A lei disporá sôbre o regime das emprêsas concessionárias de serviços  públicos federais, estaduais e municipais, estabelecendo: 

I – obrigação de manter serviço adequado; 

II – tarifas que permitam a justa remuneração do capital, o melhoramento e a  expansão dos serviços e assegurem o equilíbrio econômico e financeiro do  contrato; e 

III – fiscalização permanente e revisão periódica das tarifas, ainda que  estipuladas em contrato anterior. 

Art. 168. As jazidas, minas e demais recursos minerais e os potenciais de  energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para o efeito de  exploração ou aproveitamento industrial. 

§ 1º A exploração e o aproveitamento das jazidas, minas e demais recursos  minerais e dos potenciais de energia hidráulica dependerão de autorização ou  concessão federal, na forma da lei, dadas exclusivamente a brasileiros ou a  sociedades organizadas no País. 

§ 2º É assegurada ao proprietário do solo a participação nos resultados da lavra;  quanto às jazidas e minas cuja exploração constituir monopólio da União, a lei  regulará a forma da indenização. 

§ 3º A participação de que trata o parágrafo anterior será igual ao dízimo do  impôsto sôbre minerais. 

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento de energia  hidráulica de potência reduzida. 

Art. 169. A pesquisa e a lavra de petróleo em território nacional constituem  monopólio da União, nos têrmos da lei. 

Art. 170. Às emprêsas privadas compete, preferencialmente, com o estímulo e o  apoio do Estado, organizar e explorar as atividades econômicas. 

§ 1º Apenas em caráter suplementar da iniciativa privada o Estado organizará e  explorará diretamente a atividade econômica. 

§ 2º Na exploração, pelo Estado, da atividade econômica, as emprêsas públicas e  as sociedades de economia mista reger-se-ão pelas normas aplicáveis às  emprêsas privadas, inclusive quanto ao direito do trabalho e ao das obrigações. 

§ 3º A emprêsa pública que explorar atividade não monopolizada ficará sujeita  ao mesmo regime tributário aplicável às emprêsas privadas. 

Art. 171. A lei federal disporá sôbre as condições de legitimação da posse e de  preferência para aquisição, até cem hectares, de terras públicas por aquêles que  as tornarem produtivas com o seu trabalho e o de sua família.

Parágrafo único. Salvo para execução de planos de reforma agrária, não se fará,  sem prévia aprovação do Senado Federal, alienação ou concessão de terras  públicas com área superior a três mil hectares. 

Art. 172. A lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o  aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades. O mau  uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílios do  Govêrno. 

Art. 173. A navegação de cabotagem para o transporte de mercadorias é  privativa dos navios nacionais, salvo caso de necessidade pública. 

§ 1º Os proprietários, armadores e comandantes de navios nacionais, assim  como dois terços, pelo menos, dos seus tripulantes, serão brasileiros natos. 

§ 2º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos navios nacionais de  pesca, sujeitos a regulamentação em lei federal. 

Art. 174. A propriedade e a administração de emprêsas jornalísticas, de  qualquer espécie, inclusive de televisão e de radiodifusão, são vedadas: 

I – a estrangeiros; 

II – a sociedades por ações ao portador; e 

III – a sociedades que tenham, como acionistas ou sócios, estrangeiros ou  pessoas jurídicas, exceto partidos políticos. 

§ 1º A responsabilidade e a orientação intelectual e administrativa das emprêsas  mencionadas neste artigo caberão somente a brasileiros natos. 

§ 2º Sem prejuízo da liberdade de pensamento e de informação, a lei poderá  estabelecer outras condições para a organização e o funcionamento das emprêsas  jornalísticas ou de televisão e de radiodifusão, no interêsse do regime  democrático e do combate à subversão e à corrupção. 

TÍTULO IV 

DA FAMÍLIA, DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA 

Art. 175. A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos  Podêres Públicos. 

§ 1º O casamento é indissolúvel. 

§ 2º O casamento será civil e gratuita a sua celebração. O casamento religioso  equivalerá ao civil se, observados os impedimentos e prescrições da lei, o ato fôr  inscrito no registro público, a requerimento do celebrante ou de qualquer  interessado. 

§ 3º O casamento religioso celebrado sem as formalidades do parágrafo anterior 

terá efeitos civis, se, a requerimento do casal, fôr inscrito no registro público,  mediante prévia habilitação perante a autoridade competente. 

§ 4º Lei especial disporá sôbre a assistência à maternidade, à infância e à  adolescência e sôbre a educação de excepcionais. 

Art. 176. A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de  liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e será  dada no lar e na escola. 

§ 1º O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos Podêres Públicos. 

§ 2º Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à iniciativa particular, a  qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Podêres Públicos, inclusive  mediante bôlsas de estudos. 

§ 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas: 

I – o ensino primário somente será ministrado na língua nacional; II – o ensino primário é obrigatório para todos, dos sete aos quatorze anos, e  gratuito nos estabelecimentos oficiais; 

III – o ensino público será igualmente gratuito para quantos, no nível médio e no  superior, demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou insuficiência  de recursos; 

IV – o Poder Público substituirá, gradativamente, o regime de gratuidade no  ensino médio e no superior pelo sistema de concessão de bôlsas de estudos,  mediante restituição, que a lei regulará; 

V – o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos  horários normais das escolas oficiais de grau primário e médio; VI – o provimento dos cargos iniciais e finais das carreiras do magistério de grau  médio e superior dependerá, sempre, de prova de habilitação, que consistirá em  concurso público de provas e títulos, quando se tratar de ensino oficial; e VII – a liberdade de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério,  ressalvado o disposto no artigo 154. 

Art. 177. Os Estados e o Distrito Federal organizarão os seus sistemas de  ensino, e a União, os dos Territórios, assim como o sistema federal, que terá  caráter supletivo e se estenderá a todo o País, nos estritos limites das  deficiências locais. 

§ 1º A União prestará assistência técnica e financeira aos Estados e ao Distrito  Federal para desenvolvimento dos seus sistemas de ensino. 

§ 2º Cada sistema de ensino terá, obrigatòriamente, serviços de assistência  educacional, que assegurem aos alunos necessitados condições de eficiência  escolar. 

Art. 178. As emprêsas comerciais, industriais e agrícolas são obrigadas a manter  o ensino primário gratuito de seus empregados e o ensino dos filhos dêstes, entre  os sete e os quatorze anos, ou a concorrer para aquêle fim, mediante a 

contribuição do salário-educação, na forma que a lei estabelecer. 

Parágrafo único. As emprêsas comerciais e indústriais são ainda obrigadas a  assegurar, em cooperação, condições de aprendizagem aos seus trabalhadores  menores e a promover o preparo de seu pessoal qualificado. 

Art. 179. As ciências, as letras e as artes são livres, ressalvado o disposto no  parágrafo 8º do artigo 153. 

Parágrafo único. O Poder Público incentivará a pesquisa e o ensino científico e  tecnológico. 

Art. 180. O amparo à cultura é dever do Estado. 

Parágrafo único. Ficam sob a proteção especial do Poder Público os  documentos, as obras e os locais de valor histórico ou artístico, os monumentos  e as paisagens naturais notáveis, bem como as jazidas arqueológicas. 

TÍTULO V 

DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS 

Art. 181. Ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados  pelo Comando Supremo da Revolução de 31 de março de 1964, assim como: 

I – os atos do Govêrno Federal, com base nos Atos Institucionais e nos Atos  Complementares e seus efeitos, bem como todos os atos dos Ministros Militares  e seus efeitos, quando no exercício temporário da Presidência da República, com  base no Ato Institucional nº 12, de 31 de agôsto de 1969; 

II – as resoluções, fundadas em Atos Institucionais, das Assembléias Legislativas  e Câmaras Municipais que hajam cassado mandatos eletivos ou declarado o  impedimento de governadores, deputados, prefeitos e vereadores quando no  exercício dos referidos cargos; e 

III – os atos de natureza legislativa expedidos com base nos Atos Institucionais e  Complementares indicados no item I. 

Art. 182. Continuam em vigor o Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de  1968, e os demais Atos posteriormente baixados. 

Parágrafo único. O Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança  Nacional, poderá decretar a cessação da vigência de qualquer dêsses Atos ou dos  seus dispositivos que forem considerados desnecessários. 

Art. 183. O mandato do Presidente e do Vice-Presidente da República, eleitos  na forma do Ato Institucional nº 16, de 14 de outubro de 1969, terminarão em 15  de março de 1974. 

Art. 184. Cessada a investidura no cargo de Presidente da República, quem o  tiver exercido, em caráter permanente, fará jus, a título de representação, desde  que não tenha sofrido suspensão dos direitos políticos, a um subsídio mensal e 

vitalício igual ao vencimento do cargo de Ministro do Supremo Tribunal  Federal. 

Parágrafo único. Se o Presidente da República, em razão do exercício do cargo,  fôr atacado de moléstia que o inabilite para o desempenho de suas funções, as  despesas de tratamento médico e hospitalar correrão por conta da União. 

Art. 185. São inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da  República, de Governador e Vice-Governador, de Prefeito e Vice-Prefeito, e  demais cargos eletivos, os cidadãos que, mediante decreto do Presidente da  República, com fundamento em Ato Institucional, hajam sofrido a suspensão  dos seus direitos políticos. 

Art. 186. O mandato das Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados,  no período que se iniciará em 31 de março de 1970, será de um ano, não  podendo ser reeleito qualquer de seus membros para a Mesa do período  seguinte. 

Art. 187. Durante a legislatura que findará em 31 de janeiro de 1971, não  perderá o mandato o deputado ou senador investido na função de Interventor  Federal, Secretário de Estado ou Prefeito de Capital. 

Art. 188. Sòmente a partir da próxima legislatura prevalecerá a redução do  número de deputados federais e deputados estaduais. 

Art. 189. A eleição para Governadores e Vice-Governadores dos Estados, em  1970, será realizada, em sessão pública e mediante votação nominal, pelo  sufrágio de um colégio eleitoral constituído pelas respectivas Assembléias  Legislativas. 

Parágrafo único. O colégio eleitoral reunir-se-á na sede da Assembléia  Legislativa do Estado, no dia 3 de outubro de 1970, e a eleição deverá processar se nos têrmos dos §§ 1º e 2º do artigo 75. 

Art. 190. Somente para o exercício de mandato na atual legislatura não se aplica  a proibição de atividade político-partidária aos ministros ou juízes dos Tribunais  de Contas da União, dos Estados e dos Municípios. 

Art. 191. Continuará em funcionamento apenas o Tribunal de Contas do  Município de São Paulo, salvo deliberação em contrário da respectiva Câmara,  sendo declarados extintos todos os outros tribunais de contas municipais. 

Art. 192. São mantidos como órgãos de segunda instância da justiça militar  estadual os tribunais especiais criados, para o exercício dessas funções, antes de  15 de março de 1967. 

Art. 193. O título de Ministro é privativo dos Ministros de Estado, dos Ministros  do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Federal de Recursos, do Superior  Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do  Trabalho, do Tribunal de Contas da União e dos da carreira de Diplomata.

Parágrafo único. Os membros do Tribunal de Contas do Distrito Federal terão o  título de Conselheiros. 

Art. 194. Fica assegurada a vitaliciedade aos professôres catedráticos e titulares  de ofício de justiça nomeados até 15 de março de 1967, assim como a  estabilidade de funcionários amparados pela legislação anterior àquela data. 

Art. 195. Os atuais substitutos de auditor e promotor da Justiça Militar da  União, que tenham adquirido estabilidade nessas funções, poderão ser  aproveitados em cargo inicial dessas carreiras, respeitados os direitos dos  candidatos aprovados em concurso. 

Art. 196. É vedada a participação de servidores públicos no produto da  arrecadação de tributos e multas, inclusive da dívida ativa. 

Art. 197. Ao civil, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, que tenha  participado efetivamente em operações bélicas da Força Expedicionária  Brasileira, da Marinha, da Fôrça Aérea Brasileira, da Marinha Mercante ou de  Fôrça do Exército, são assegurados os seguintes direitos: 

a) estabilidade, se funcionários público; 

b) aproveitamento no serviço público, sem a exigência do disposto no  § 1º do artigo 97; 

aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de  

c) 

serviço efetivo, se funcionário público da administração direta ou  indireta ou contribuinte da Previdência Social; e 

d) assistência médica, hospitalar e educacional, se carente de recursos. 

Art. 198. As terras habitadas pelos silvícolas são inalienáveis nos têrmos que a  lei federal determinar, a êles cabendo a sua posse permanente e ficando  reconhecido o seu direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de tôdas  as utilidades nelas existentes. 

§ 1º Ficam declaradas a nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos de qualquer  natureza que tenham por objeto o domínio, a posse ou a ocupação de terras  habitadas pelos silvícolas. 

§ 2º A nulidade e extinção de que trata o parágrafo anterior não dão aos  ocupantes direito a qualquer ação ou indenização contra a União e a Fundação  Nacional do Índio. 

Art. 199. Respeitado o disposto no parágrafo único do artigo 145, as pessoas  naturais de nacionalidade portuguêsa não sofrerão qualquer restrição em virtude  da condição de nascimento, se admitida a reciprocidade em favor de brasileiros. 

Art. 200. As disposições constantes desta Constituição ficam incorporadas, no  que couber, ao direito constitucional legislado dos Estados.

Parágrafo único. As Constituições dos Estados poderão adotar o regime de leis  delegadas, proibidos os decretos-leis.” 

 Art. 2º. A presente Emenda entrará em vigor no dia 30 de outubro de 1969. Brasília, 17 de outubro de 1969; 148º da Independência e 81º da República. 

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD 

AURÉLIO DE LYRA TAVARES 

MÁRCIO DE SOUZA E MELLO 

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União – Seção 1 de  20/10/1969 

Publicação: 

▪ Diário Oficial da União – Seção 1 – 20/10/1969, Página 8865 (Publicação Original) ▪ Coleção de Leis do Brasil – 1969, Página 3 Vol. 7 (Publicação Original)

BRASIL. Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon/1960-1969/emendaconstitucional-1-17-outubro-1969-364989-publicacaooriginal-1-pl.html Acesso em: 31 dez. 2018.

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