Trajetórias escolares de pessoas com deficiência e as políticas de educação inclusiva 2008-2018: da educação básica ao ingresso por cotas na UFMG

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Trajetórias escolares de pessoas com deficiência e as políticas de educação inclusiva 2008-2018: da educação básica ao ingresso por cotas na UFMG

16 de maio de 2022 Bárbara Matoso Comments Off

O acesso das pessoas com deficiência à educação superior é relativamente recente em nosso país. A
partir de 2016, com a inserção desse público na Lei de Cotas, o cenário começou a mudar. Em 2018, os
primeiros alunos com deficiência ingressaram na Universidade Federal de Minas Gerais por esse
sistema. Essa pesquisa teve como objetivo analisar, a partir do Modelo Social da Deficiência, as
trajetórias escolares de uma amostra de estudantes cotistas da UFMG antes do ingresso no ensino
superior, em interface com as políticas de educação inclusiva do período (2008-2018). O espaço
temporal da pesquisa foi definido a partir da publicação da Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) e o ano de início das cotas na UFMG. Foi desenvolvido
um questionário e enviado a todos os estudantes com deficiência cotistas e ingressantes em 2018. Destes, 37 responderam, compondo um perfil inicial desse público na universidade. Foram, então, selecionados, por meio de sorteio, 5 estudantes (Deficiência Física, Visual, Auditiva, Intelectual e com Transtorno do Espectro do Autismo) para compor a amostra da etapa de entrevista. A realização e a análise das 5 entrevistas priorizaram a metodologia da História Oral. Para tanto, foi tomado como eixo condutor o possível impacto da PNEEPEI na trajetória escolar dos estudantes ao longo da educação básica até seu ingresso na UFMG. As narrativas dos estudantes trouxeram memórias da infância, da relação com a família, da descoberta da deficiência, e dos suportes encontrados para o desenvolvimento. Ao olhar para os percursos escolares, outras temáticas emergiram: os tipos de escola (especial, inclusiva, bilíngue), o cotidiano, as dificuldades, os suportes e recursos encontrados, a relação com professores e colegas, o preconceito e o bullying vivenciados, assim como a percepção dos estudantes sobre a educação inclusiva, a Lei de Cotas e as perspectivas de futuro. Destacaram-se nos relatos o esforço e mérito dos próprios estudantes para concluir os estudos, e o apoio familiar e profissional que encontraram para seu desenvolvimento fora e dentro da escola. Essas vivências são contadas por suas próprias palavras nesse estudo, considerando a perspectiva da Investigação Emancipatória da Deficiência. Os resultados demonstraram que, embora os estudantes tivessem dificuldade em nomear de forma direta como a Política de 2008 impactou o percurso escolar deles, a possibilidade de escolarização em escola comum foi um diferencial que permitiu o acesso ao ensino superior. Demonstraram, ainda, que esse acesso se relaciona com a maneira como a deficiência é vista na sociedade. Se no Modelo Médico a deficiência estava exclusivamente no sujeito, um dos grandes méritos da PNEEPEI foi considerar o Modelo Social, ou seja, a necessidade de se eliminar barreiras para que cada vez mais pessoas com deficiência possam vivenciar experiências positivas de inclusão de forma a acessar níveis mais altos de escolarização.

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O acesso para a dissertação completa está disponível neste link.

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