Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput , inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 8o, § 1o, da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, D E C R E T A : CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, por meio da qual a União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, implementará programas e ações com vistas à garantia dos direitos à educação e ao atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Art. 2o Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: I – educação especial – modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; II – educação bilíngue de surdos – modalidade de educação escolar que promove a especificidade linguística e cultural dos educandos surdos, deficientes auditivos e surdocegos que optam pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras, por meio de recursos e de serviços educacionais especializados, disponíveis em escolas bilíngues de surdos e em classes bilíngues de surdos nas escolas regulares inclusivas, a partir da adoção da Libras como primeira língua e como língua de instrução, comunicação, interação e ensino, e da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua; III – política educacional equitativa – conjunto de medidas planejadas e implementadas com vistas a orientar as práticas necessárias e diferenciadas para que todos tenham oportunidades iguais e alcancem os seus melhores resultados, de modo a valorizar ao máximo cada potencialidade, e eliminar ou minimizar as barreiras que possam obstruir a participação plena e efetiva do educando na sociedade; IV – política educacional inclusiva – conjunto de medidas planejadas e implementadas com vistas a orientar as práticas necessárias para desenvolver, facilitar o desenvolvimento, supervisionar a efetividade e reorientar, sempre que necessário, as estratégias, os procedimentos, as ações, os recursos e os serviços que promovem a inclusão social, intelectual, profissional, política e os demais aspectos da vida humana, da cidadania e da cultura, o que envolve não apenas as demandas do educando, mas, igualmente, suas potencialidades, suas habilidades e seus talentos, e resulta em benefício para a sociedade como um todo; V – política de educação com aprendizado ao longo da vida – conjunto de medidas planejadas e implementadas para garantir oportunidades de desenvolvimento e aprendizado ao longo da existência do educando, com a percepção de que a educação não acontece apenas no âmbito escolar, e de que o aprendizado pode ocorrer em outros momentos e contextos, formais ou informais, planejados ou casuais, em um processo ininterrupto; VI – escolas especializadas – instituições de ensino planejadas para o atendimento educacional aos educandos da educação especial que não se beneficiam, em seu desenvolvimento, quando incluídos em escolas regulares inclusivas e que apresentam demanda por apoios múltiplos e contínuos; DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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VII – classes especializadas – classes organizadas em escolas regulares inclusivas, com acessibilidade de arquitetura, equipamentos, mobiliário, projeto pedagógico e material didático, planejados com vistas ao atendimento das especificidades do público ao qual são destinadas, e que devem ser regidas por profissionais qualificados para o cumprimento de sua finalidade; VIII – escolas bilíngues de surdos – instituições de ensino da rede regular nas quais a comunicação, a instrução, a interação e o ensino são realizados em Libras como primeira língua e em língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, destinadas a educandos surdos, que optam pelo uso da Libras, com deficiência auditiva, surdocegos, surdos com outras deficiências associadas e surdos com altas habilidades ou superdotação; IX – classes bilíngues de surdos – classes com enturmação de educandos surdos, com deficiência auditiva e surdocegos, que optam pelo uso da Libras, organizadas em escolas regulares inclusivas, em que a Libras é reconhecida como primeira língua e utilizada como língua de comunicação, interação, instrução e ensino, em todo o processo educativo, e a língua portuguesa na modalidade escrita é ensinada como segunda língua; X – escolas regulares inclusivas – instituições de ensino que oferecem atendimento educacional especializado aos educandos da educação especial em classes regulares, classes especializadas ou salas de recursos; e XI – planos de desenvolvimento individual e escolar – instrumentos de planejamento e de organização de ações, cuja elaboração, acompanhamento e avaliação envolvam a escola, a família, os profissionais do serviço de atendimento educacional especializado, e que possam contar com outros profissionais que atendam educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. CAPÍTULO II DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS Art. 3o São princípios da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida: I – educação como direito para todos em um sistema educacional equitativo e inclusivo; II – aprendizado ao longo da vida; III – ambiente escolar acolhedor e inclusivo; IV – desenvolvimento pleno das potencialidades do educando; V – acessibilidade ao currículo e aos espaços escolares; VI – participação de equipe multidisciplinar no processo de decisão da família ou do educando quanto à alternativa educacional mais adequada; VII – garantia de implementação de escolas bilíngues de surdos e surdocegos; VIII – atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação no território nacional, incluída a garantia da oferta de serviços e de recursos da educação especial aos educandos indígenas, quilombolas e do campo; e IX – qualificação para professores e demais profissionais da educação. Art. 4o São objetivos da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida: I – garantir os direitos constitucionais de educação e de atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; II – promover ensino de excelência aos educandos da educação especial, em todas as etapas, níveis e modalidades de educação, em um sistema educacional equitativo, inclusivo e com aprendizado ao longo da vida, sem a prática de qualquer forma de discriminação ou preconceito; III – assegurar o atendimento educacional especializado como diretriz constitucional, para além
DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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da institucionalização de tempos e espaços reservados para atividade complementar ou suplementar; IV – assegurar aos educandos da educação especial acessibilidade a sistemas de apoio adequados, consideradas as suas singularidades e especificidades; V – assegurar aos profissionais da educação a formação profissional de orientação equitativa, inclusiva e com aprendizado ao longo da vida, com vistas à atuação efetiva em espaços comuns ou especializados; VI – valorizar a educação especial como processo que contribui para a autonomia e o desenvolvimento da pessoa e também para a sua participação efetiva no desenvolvimento da sociedade, no âmbito da cultura, das ciências, das artes e das demais áreas da vida; e VII – assegurar aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação oportunidades de educação e aprendizado ao longo da vida, de modo sustentável e compatível com as diversidades locais e culturais. CAPÍTULO III DO PÚBLICO-ALVO Art. 5o A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida tem como público-alvo os educandos que, nas diferentes etapas, níveis e modalidades de educação, em contextos diversos, nos espaços urbanos e rurais, demandem a oferta de serviços e recursos da educação especial. Parágrafo único. São considerados público-alvo da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida: I – educandos com deficiência, conforme definido pela Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência; II – educandos com transtornos globais do desenvolvimento, incluídos os educados com transtorno do espectro autista, conforme definido pela Lei no 12.764, de 27 de dezembro de 2012; e III – educandos com altas habilidades ou superdotação que apresentem desenvolvimento ou potencial elevado em qualquer área de domínio, isolada ou combinada, criatividade e envolvimento com as atividades escolares. CAPÍTULO IV DAS DIRETRIZES Art. 6o São diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida: I – oferecer atendimento educacional especializado e de qualidade, em classes e escolas regulares inclusivas, classes e escolas especializadas ou classes e escolas bilíngues de surdos a todos que demandarem esse tipo de serviço, para que lhes seja assegurada a inclusão social, cultural, acadêmica e profissional, de forma equitativa e com a possibilidade de aprendizado ao longo da vida; II – garantir a viabilização da oferta de escolas ou classes bilíngues de surdos aos educandos surdos, surdocegos, com deficiência auditiva, outras deficiências ou altas habilidades e superdotação associadas; III – garantir, nas escolas ou classes bilíngues de surdos, a Libras como parte do currículo formal em todos os níveis e etapas de ensino e a organização do trabalho pedagógico para o ensino da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua; e IV – priorizar a participação do educando e de sua família no processo de decisão sobre os serviços e os recursos do atendimento educacional especializado, considerados o impedimento de longo prazo e as barreiras a serem eliminadas ou minimizadas para que ele tenha as melhores condições de participação na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. CAPÍTULO V DOS SERVIÇOS E DOS RECURSOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
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Art. 7o São considerados serviços e recursos da educação especial: I – centros de apoio às pessoas com deficiência visual; II – centros de atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência intelectual, mental e transtornos globais do desenvolvimento;
III – centros de atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência físico- motora;
IV – centros de atendimento educacional especializado; V – centros de atividades de altas habilidades e superdotação; VI – centros de capacitação de profissionais da educação e de atendimento às pessoas com surdez; VII – classes bilíngues de surdos; VIII – classes especializadas; IX – escolas bilíngues de surdos; X – escolas especializadas; XI – escolas-polo de atendimento educacional especializado; XII – materiais didático-pedagógicos adequados e acessíveis ao público-alvo desta Política Nacional de Educação Especial; XIII – núcleos de acessibilidade; XIV – salas de recursos; XV – serviços de atendimento educacional especializado para crianças de zero a três anos; XVI – serviços de atendimento educacional especializado; e XVII – tecnologia assistiva. Parágrafo único. Poderão ser constituídos outros serviços e recursos para atender os educandos da educação especial, ainda que sejam utilizados de forma temporária ou para finalidade específica. CAPÍTULO VI DOS ATORES Art. 8o Atuarão, de forma colaborativa, na prestação de serviços da educação especial: I – equipes multiprofissionais e interdisciplinares de educação especial; II – guias-intérpretes; III – professores bilíngues em Libras e língua portuguesa; IV – professores da educação especial; V – profissionais de apoio escolar ou acompanhantes especializados, de que tratam o inciso XIII do caput do art. 3o da Lei no 13.146, de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência, e o parágrafo único do art. 2o da Lei no 12.764, de 2012; e VI – tradutores-intérpretes de Libras e língua portuguesa. CAPÍTULO VII DA IMPLEMENTAÇÃO Art. 9o A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida será implementada por meio das seguintes ações: I – elaboração de estratégias de gestão dos sistemas de ensino para as escolas regulares inclusivas, as escolas especializadas e as escolas bilíngues de surdos, que contemplarão também a orientação sobre o papel da família, do educando, da escola, dos profissionais especializados e da comunidade, e a normatização dos procedimentos de elaboração de material didático especializado; DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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II – definição de estratégias para a implementação de escolas e classes bilíngues de surdos e o fortalecimento das escolas e classes bilíngues de surdos já existentes; III – definição de critérios de identificação, acolhimento e acompanhamento dos educandos que não se beneficiam das escolas regulares inclusivas, de modo a proporcionar o atendimento educacional mais adequado, em ambiente o menos restritivo possível, com vistas à inclusão social, acadêmica, cultural e profissional, de forma equitativa, inclusiva e com aprendizado ao longo da vida; IV – definição de diretrizes da educação especial para o estabelecimento dos serviços e dos recursos de atendimento educacional especializado aos educandos público-alvo desta Política Nacional de Educação Especial; V – definição de estratégias e de orientações para as instituições de ensino superior com vistas a garantir a prestação de serviços ao público-alvo desta Política Nacional de Educação Especial, para incentivar projetos de ensino, pesquisa e extensão destinados à temática da educação especial e estruturar a formação de profissionais especializados para cumprir os objetivos da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida; e VI – definição de critérios objetivos, operacionalizáveis e mensuráveis, a serem cumpridos pelos entes federativos, com vistas à obtenção de apoio técnico e financeiro da União na implementação de ações e programas relacionados à Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. CAPÍTULO VIII DA AVALIAÇÃO E DO MONITORAMENTO Art. 10. São mecanismos de avaliação e de monitoramento da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida: I – Censo Escolar; II – Exame Nacional do Ensino Médio; III – indicadores que permitam identificar os pontos estratégicos na execução da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida e os seus resultados esperados e alcançados; IV – planos de desenvolvimento individual e escolar; V – Prova Brasil; e VI – Sistema de Avaliação da Educação Básica. Art. 11. Serão incorporados aos mecanismos de avaliação e de monitoramento de que tratam os incisos II ao V do caput do art. 10 indicadores que permitam identificar resultados obtidos com a implementação da Política Nacional de Educação Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. CAPÍTULO IX DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 12. Compete ao Ministério da Educação a coordenação estratégica dos programas e das ações decorrentes da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Art. 13. A colaboração dos entes federativos na Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida ocorrerá por meio de adesão voluntária, na forma a ser definida em instrumentos específicos dos respectivos programas e ações do Ministério da Educação e de suas entidades vinculadas. Art. 14. Para fins de implementação da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, a União poderá prestar aos entes federativos apoio técnico e assistência financeira, na forma a ser definida em instrumento específico de cada programa ou ação. Art. 15. A assistência financeira da União de que trata o art. 14 ocorrerá por meio de dotações
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orçamentárias consignadas na Lei Orçamentária Anual ao Ministério da Educação e às suas entidades vinculadas, respeitada a sua área de atuação, observados a disponibilidade financeira e os limites de movimentação e empenho. Art. 16. Compete ao Conselho Nacional de Educação elaborar as diretrizes nacionais da educação especial, em conformidade com o disposto na Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Parágrafo único. As diretrizes nacionais da educação especial serão homologadas em ato do Ministro de Estado da Educação. Art. 17. A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida deverá ser utilizada, também, como referência para a Base Nacional Comum Curricular, de que trata o art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Art. 18. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 30 de setembro de 2020; 199o da Independência e 132o da República. JAIR MESSIAS BOLSONARO Milton Ribeiro
Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020
Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020
Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput , inciso IV,
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 8o, § 1o, da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
D E C R E T A :
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com
Aprendizado ao Longo da Vida, por meio da qual a União, em colaboração com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, implementará programas e ações com vistas à garantia dos direitos à educação e
ao atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
Art. 2o Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:
I – educação especial – modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, na rede
regular de ensino aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação;
II – educação bilíngue de surdos – modalidade de educação escolar que promove a
especificidade linguística e cultural dos educandos surdos, deficientes auditivos e surdocegos que optam
pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras, por meio de recursos e de serviços educacionais
especializados, disponíveis em escolas bilíngues de surdos e em classes bilíngues de surdos nas escolas
regulares inclusivas, a partir da adoção da Libras como primeira língua e como língua de instrução,
comunicação, interação e ensino, e da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua;
III – política educacional equitativa – conjunto de medidas planejadas e implementadas com
vistas a orientar as práticas necessárias e diferenciadas para que todos tenham oportunidades iguais e
alcancem os seus melhores resultados, de modo a valorizar ao máximo cada potencialidade, e eliminar ou
minimizar as barreiras que possam obstruir a participação plena e efetiva do educando na sociedade;
IV – política educacional inclusiva – conjunto de medidas planejadas e implementadas com
vistas a orientar as práticas necessárias para desenvolver, facilitar o desenvolvimento, supervisionar a
efetividade e reorientar, sempre que necessário, as estratégias, os procedimentos, as ações, os recursos e
os serviços que promovem a inclusão social, intelectual, profissional, política e os demais aspectos da vida
humana, da cidadania e da cultura, o que envolve não apenas as demandas do educando, mas,
igualmente, suas potencialidades, suas habilidades e seus talentos, e resulta em benefício para a
sociedade como um todo;
V – política de educação com aprendizado ao longo da vida – conjunto de medidas planejadas e
implementadas para garantir oportunidades de desenvolvimento e aprendizado ao longo da existência do
educando, com a percepção de que a educação não acontece apenas no âmbito escolar, e de que o
aprendizado pode ocorrer em outros momentos e contextos, formais ou informais, planejados ou casuais,
em um processo ininterrupto;
VI – escolas especializadas – instituições de ensino planejadas para o atendimento educacional
aos educandos da educação especial que não se beneficiam, em seu desenvolvimento, quando incluídos
em escolas regulares inclusivas e que apresentam demanda por apoios múltiplos e contínuos;
DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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VII – classes especializadas – classes organizadas em escolas regulares inclusivas, com
acessibilidade de arquitetura, equipamentos, mobiliário, projeto pedagógico e material didático,
planejados com vistas ao atendimento das especificidades do público ao qual são destinadas, e que
devem ser regidas por profissionais qualificados para o cumprimento de sua finalidade;
VIII – escolas bilíngues de surdos – instituições de ensino da rede regular nas quais a
comunicação, a instrução, a interação e o ensino são realizados em Libras como primeira língua e em
língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, destinadas a educandos surdos, que
optam pelo uso da Libras, com deficiência auditiva, surdocegos, surdos com outras deficiências associadas
e surdos com altas habilidades ou superdotação;
IX – classes bilíngues de surdos – classes com enturmação de educandos surdos, com
deficiência auditiva e surdocegos, que optam pelo uso da Libras, organizadas em escolas regulares
inclusivas, em que a Libras é reconhecida como primeira língua e utilizada como língua de comunicação,
interação, instrução e ensino, em todo o processo educativo, e a língua portuguesa na modalidade escrita
é ensinada como segunda língua;
X – escolas regulares inclusivas – instituições de ensino que oferecem atendimento educacional
especializado aos educandos da educação especial em classes regulares, classes especializadas ou salas
de recursos; e
XI – planos de desenvolvimento individual e escolar – instrumentos de planejamento e de
organização de ações, cuja elaboração, acompanhamento e avaliação envolvam a escola, a família, os
profissionais do serviço de atendimento educacional especializado, e que possam contar com outros
profissionais que atendam educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação.
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
Art. 3o São princípios da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com
Aprendizado ao Longo da Vida:
I – educação como direito para todos em um sistema educacional equitativo e inclusivo;
II – aprendizado ao longo da vida;
III – ambiente escolar acolhedor e inclusivo;
IV – desenvolvimento pleno das potencialidades do educando;
V – acessibilidade ao currículo e aos espaços escolares;
VI – participação de equipe multidisciplinar no processo de decisão da família ou do educando
quanto à alternativa educacional mais adequada;
VII – garantia de implementação de escolas bilíngues de surdos e surdocegos;
VIII – atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação no território nacional, incluída a garantia da oferta de serviços e de
recursos da educação especial aos educandos indígenas, quilombolas e do campo; e
IX – qualificação para professores e demais profissionais da educação.
Art. 4o São objetivos da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com
Aprendizado ao Longo da Vida:
I – garantir os direitos constitucionais de educação e de atendimento educacional especializado
aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação;
II – promover ensino de excelência aos educandos da educação especial, em todas as etapas,
níveis e modalidades de educação, em um sistema educacional equitativo, inclusivo e com aprendizado ao
longo da vida, sem a prática de qualquer forma de discriminação ou preconceito;
III – assegurar o atendimento educacional especializado como diretriz constitucional, para além
DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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da institucionalização de tempos e espaços reservados para atividade complementar ou suplementar;
IV – assegurar aos educandos da educação especial acessibilidade a sistemas de apoio
adequados, consideradas as suas singularidades e especificidades;
V – assegurar aos profissionais da educação a formação profissional de orientação equitativa,
inclusiva e com aprendizado ao longo da vida, com vistas à atuação efetiva em espaços comuns ou
especializados;
VI – valorizar a educação especial como processo que contribui para a autonomia e o
desenvolvimento da pessoa e também para a sua participação efetiva no desenvolvimento da sociedade,
no âmbito da cultura, das ciências, das artes e das demais áreas da vida; e
VII – assegurar aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação oportunidades de educação e aprendizado ao longo da vida, de modo
sustentável e compatível com as diversidades locais e culturais.
CAPÍTULO III
DO PÚBLICO-ALVO
Art. 5o A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao
Longo da Vida tem como público-alvo os educandos que, nas diferentes etapas, níveis e modalidades de
educação, em contextos diversos, nos espaços urbanos e rurais, demandem a oferta de serviços e
recursos da educação especial.
Parágrafo único. São considerados público-alvo da Política Nacional de Educação Especial:
Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida:
I – educandos com deficiência, conforme definido pela Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015 –
Estatuto da Pessoa com Deficiência;
II – educandos com transtornos globais do desenvolvimento, incluídos os educados com
transtorno do espectro autista, conforme definido pela Lei no 12.764, de 27 de dezembro de 2012; e
III – educandos com altas habilidades ou superdotação que apresentem desenvolvimento ou
potencial elevado em qualquer área de domínio, isolada ou combinada, criatividade e envolvimento com
as atividades escolares.
CAPÍTULO IV
DAS DIRETRIZES
Art. 6o São diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Especial:
Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida:
I – oferecer atendimento educacional especializado e de qualidade, em classes e escolas
regulares inclusivas, classes e escolas especializadas ou classes e escolas bilíngues de surdos a todos que
demandarem esse tipo de serviço, para que lhes seja assegurada a inclusão social, cultural, acadêmica e
profissional, de forma equitativa e com a possibilidade de aprendizado ao longo da vida;
II – garantir a viabilização da oferta de escolas ou classes bilíngues de surdos aos educandos
surdos, surdocegos, com deficiência auditiva, outras deficiências ou altas habilidades e superdotação
associadas;
III – garantir, nas escolas ou classes bilíngues de surdos, a Libras como parte do currículo formal
em todos os níveis e etapas de ensino e a organização do trabalho pedagógico para o ensino da língua
portuguesa na modalidade escrita como segunda língua; e
IV – priorizar a participação do educando e de sua família no processo de decisão sobre os
serviços e os recursos do atendimento educacional especializado, considerados o impedimento de longo
prazo e as barreiras a serem eliminadas ou minimizadas para que ele tenha as melhores condições de
participação na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.
CAPÍTULO V
DOS SERVIÇOS E DOS RECURSOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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Art. 7o São considerados serviços e recursos da educação especial:
I – centros de apoio às pessoas com deficiência visual;
II – centros de atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência
intelectual, mental e transtornos globais do desenvolvimento;
III – centros de atendimento educacional especializado aos educandos com deficiência físico-
motora;
IV – centros de atendimento educacional especializado;
V – centros de atividades de altas habilidades e superdotação;
VI – centros de capacitação de profissionais da educação e de atendimento às pessoas com
surdez;
VII – classes bilíngues de surdos;
VIII – classes especializadas;
IX – escolas bilíngues de surdos;
X – escolas especializadas;
XI – escolas-polo de atendimento educacional especializado;
XII – materiais didático-pedagógicos adequados e acessíveis ao público-alvo desta Política
Nacional de Educação Especial;
XIII – núcleos de acessibilidade;
XIV – salas de recursos;
XV – serviços de atendimento educacional especializado para crianças de zero a três anos;
XVI – serviços de atendimento educacional especializado; e
XVII – tecnologia assistiva.
Parágrafo único. Poderão ser constituídos outros serviços e recursos para atender os educandos
da educação especial, ainda que sejam utilizados de forma temporária ou para finalidade específica.
CAPÍTULO VI
DOS ATORES
Art. 8o Atuarão, de forma colaborativa, na prestação de serviços da educação especial:
I – equipes multiprofissionais e interdisciplinares de educação especial;
II – guias-intérpretes;
III – professores bilíngues em Libras e língua portuguesa;
IV – professores da educação especial;
V – profissionais de apoio escolar ou acompanhantes especializados, de que tratam o inciso XIII
do caput do art. 3o da Lei no 13.146, de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência, e o parágrafo único do
art. 2o da Lei no 12.764, de 2012; e
VI – tradutores-intérpretes de Libras e língua portuguesa.
CAPÍTULO VII
DA IMPLEMENTAÇÃO
Art. 9o A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao
Longo da Vida será implementada por meio das seguintes ações:
I – elaboração de estratégias de gestão dos sistemas de ensino para as escolas regulares
inclusivas, as escolas especializadas e as escolas bilíngues de surdos, que contemplarão também a
orientação sobre o papel da família, do educando, da escola, dos profissionais especializados e da
comunidade, e a normatização dos procedimentos de elaboração de material didático especializado;
DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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II – definição de estratégias para a implementação de escolas e classes bilíngues de surdos e o
fortalecimento das escolas e classes bilíngues de surdos já existentes;
III – definição de critérios de identificação, acolhimento e acompanhamento dos educandos que
não se beneficiam das escolas regulares inclusivas, de modo a proporcionar o atendimento educacional
mais adequado, em ambiente o menos restritivo possível, com vistas à inclusão social, acadêmica, cultural
e profissional, de forma equitativa, inclusiva e com aprendizado ao longo da vida;
IV – definição de diretrizes da educação especial para o estabelecimento dos serviços e dos
recursos de atendimento educacional especializado aos educandos público-alvo desta Política Nacional
de Educação Especial;
V – definição de estratégias e de orientações para as instituições de ensino superior com vistas a
garantir a prestação de serviços ao público-alvo desta Política Nacional de Educação Especial, para
incentivar projetos de ensino, pesquisa e extensão destinados à temática da educação especial e
estruturar a formação de profissionais especializados para cumprir os objetivos da Política Nacional de
Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida; e
VI – definição de critérios objetivos, operacionalizáveis e mensuráveis, a serem cumpridos pelos
entes federativos, com vistas à obtenção de apoio técnico e financeiro da União na implementação de
ações e programas relacionados à Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com
Aprendizado ao Longo da Vida.
CAPÍTULO VIII
DA AVALIAÇÃO E DO MONITORAMENTO
Art. 10. São mecanismos de avaliação e de monitoramento da Política Nacional de Educação
Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida:
I – Censo Escolar;
II – Exame Nacional do Ensino Médio;
III – indicadores que permitam identificar os pontos estratégicos na execução da Política
Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida e os seus
resultados esperados e alcançados;
IV – planos de desenvolvimento individual e escolar;
V – Prova Brasil; e
VI – Sistema de Avaliação da Educação Básica.
Art. 11. Serão incorporados aos mecanismos de avaliação e de monitoramento de que tratam os
incisos II ao V do caput do art. 10 indicadores que permitam identificar resultados obtidos com a
implementação da Política Nacional de Educação Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da
Vida.
CAPÍTULO IX
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 12. Compete ao Ministério da Educação a coordenação estratégica dos programas e das
ações decorrentes da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao
Longo da Vida.
Art. 13. A colaboração dos entes federativos na Política Nacional de Educação Especial:
Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida ocorrerá por meio de adesão voluntária, na
forma a ser definida em instrumentos específicos dos respectivos programas e ações do Ministério da
Educação e de suas entidades vinculadas.
Art. 14. Para fins de implementação da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa,
Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, a União poderá prestar aos entes federativos apoio técnico
e assistência financeira, na forma a ser definida em instrumento específico de cada programa ou ação.
Art. 15. A assistência financeira da União de que trata o art. 14 ocorrerá por meio de dotações
DECRETO No 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020 – DECRETO No 10.502, DE 30 DE SET… https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948
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orçamentárias consignadas na Lei Orçamentária Anual ao Ministério da Educação e às suas entidades
vinculadas, respeitada a sua área de atuação, observados a disponibilidade financeira e os limites de
movimentação e empenho.
Art. 16. Compete ao Conselho Nacional de Educação elaborar as diretrizes nacionais da
educação especial, em conformidade com o disposto na Política Nacional de Educação Especial:
Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida.
Parágrafo único. As diretrizes nacionais da educação especial serão homologadas em ato do
Ministro de Estado da Educação.
Art. 17. A Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao
Longo da Vida deverá ser utilizada, também, como referência para a Base Nacional Comum Curricular, de
que trata o art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Art. 18. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 30 de setembro de 2020; 199o da Independência e 132o da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Milton Ribeiro
BRASIL. Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948> Acesso em: 19 abr. 2022